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ESG é importante na evolução do modelo de negócio

Nova edição do “Eixo Exponencial SAP” explorou as experiências de uma empresa tradicional, a Wickbold, e uma startup, a iugu, em sua adaptação à aceleração promovida pela Covid-19; HSM Management integrou a bancada de entrevistadores

Angela Miguel

16 de Março

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Artigo ESG é importante na evolução do modelo de negócio

Pouco mais de um ano atrás, ninguém imaginava a pandemia de Covid-19 e, muito menos, as transformações tecnológicas e comportamentais aceleradas por ela. Em resultado, as empresas se viram tendo de priorizar o futuro em formação, sob o risco de desviar a atenção dos temas urgentes do presente. Especialmente, dos temas relacionados com a sigla que mais ganhou relevância nestes tempos: ESG, uma tradução do tipo de sustentabilidade que investidores e reguladores cada vez mais requerem das empresas, ao levar em conta seus impactos ambientais, sociais e de governança.

O ESG foi uma das discussões mais quentes da mais recente edição do “Eixo Exponencial SAP” realizado no dia 4 de março último, cuja ambição inicial era debater “O futuro no agora: existe um caminho certo para os modelos de negócio?”. De fato, o programa de entrevistas organizado pela SAP Brasil expôs na tela assuntos relevantes como o melhor uso de dados nas decisões (atendendo à Lei Geral de Proteção de Dados), e a agilidade proporcionada pela nuvem.

Mas a conexão entre sustentabilidade e modelo de negócio inovador foi mais surpreendente. Não é usual enxergar que propósito (ambiental e/ou social), humanização e diversidade podem condicionar o sucesso dos modelos de negócio, pela influência que têm sobre os vários stakeholders das empresas.

Os convidados dessa edição do Eixo SAP foram dois: Leandro Roldão, CIO na tradicional fabricante de alimentos como pães, panetones e outros produtos à base de massa Wickbold, e André Luiz Gonçalves, CFO na fintech iugu, dedicada a estruturar e automatizar as operações financeira e de pagamentos de pequenas e médias empresas. Roldão e Gonçalves são executivos de duas organizações que têm conseguido se adaptar rapidamente aos desafios da aceleração pandêmica e mostraram ter muitos aprendizados e reflexões a compartilhar com a comunidade executiva brasileira em ESG.

Sob o comando da apresentadora Patricia Maldonado, uma bancada de quatro entrevistadores, entre os quais a editora-chefe de HSM Management, Cynthia Rosenburg, e o especialista em transformação digital Mario Tiellet, vice-presidente de midmarket da SAP Brasil, sabatinou-os durante quase duas horas.

Propósito: crise climática e desigualdade

A crise climática e a desigualdade social crescente tornam urgente que o mercado corporativo incorpore o ESG na evolução de seus modelos de negócio, como destacou Rosenburg, ao perguntar para os entrevistados se suas empresas estavam conseguindo atuar nessa frente e em que direção.

Roldão contou que a Wickbold criou um grupo de trabalho capaz de desenvolver projetos para diminuir o consumo interno de recursos como água e luz e para dar embalagens mais sustentáveis aos diversos produtos da empresa. “Com ideias e inovação, podemos gerar vantagens para o planeta”, disse ele, antecipando que alguns dos projetos inovadores desse grupo serão apresentados ao mercado no decorrer de 2021. Ele também discorreu sobre o programa Origens Brasil, que a empresa conduz na Amazônia.

No caso da iugu, o contexto ESG está embarcado na preparação da fintech para a nova fase de seu ciclo de vida – ela recebeu no ano passado a licença para operar como uma instituição de pagamentos. Mas, além disso, a natureza do negócio da iugu, de automatizar os processos financeiros, já promove sustentabilidade por si só. “A automação é capaz de conferir escalabilidade aos negócios em nosso nicho de pequenas e médias empresas”, afirmou Gonçalves.

Então, quanto ao desafio climático, a automação contribui porque reduz a impressão de papeis e harmoniza o fluxo de informações dentro da plataforma financeira, o que leva à economia e ao consumo mais consciente de recursos naturais. E, ao contribuir para a maior eficiência e o crescimento de PMEs, que são as maiores geradoras de empregos do País, a automação contribui para a redução da desigualdade social.

Os dois executivos destacaram que o modelo híbrido de trabalho, misto de presencial e remoto, que vem sendo considerado por suas empresas e muitas outras, irá reduzir as emissões de carbono já que menos pessoas vão se descolar diariamente para os escritórios.

Humanização

Ao mesmo tempo que a influência da tecnologia sobre os modelos de negócio e o futuro avança, a expectativa é de uma maior humanização do trabalho, concordaram Roldão e Gonçalves.

Para o executivo da Wickbold, o ponto primordial para tomar as decisões nesse campo é algo tão simples quanto o respeito às pessoas. Roldão ponderou que a automação respeita as pessoas ao deixar o trabalho delas mais analítico e estratégico e ao eliminar o que é tarefa repetitiva. Entretanto, como Roldão acrescentou, é preciso que o ambiente automatizado seja agradável a ponto de as pessoas sentirem alegria de ir trabalhar lá.

E como é esse respeito no trabalho remoto? Na Wickbold, o home office começou em março e a previsão de retorno ainda é incerta, visto que ocorrerá somente após a vacinação. Até lá, disse Roldão, o foco dos líderes é o bem-estar dos funcionários, para que cada um deles possa trabalhar com saúde e tranquilidade. E ele garantiu que os resultados já são visíveis em forma de engajamento e produtividade. Além disso, detalhes a que os gestores atentam fazem diferença como manter a câmera sempre ligada nas reuniões, para não perder o olho no olho.

Gonçalves, da iugu, destacou que a humanização passa também pelos funcionários terem liberdade para poder se expressar e por uma priorização do trabalho conjunto em detrimento do individualismo. Na iugu, eles estão convencidos de que os resultados para a empresa são consequência desses valores humanos. “’Jogamos juntos’ é um dos nossos valores, reconhecendo que a união e sinergia são partes essenciais para alcançar resultados”, completa o executivo.

Diversidade

Importante tanto para a inovação futura como para o presente urgente do ESG, a diversidade também foi debatida no “Eixo Exponencial SAP”. Na tradicional Wickbold, Roldão explicou que um grupo de trabalho interno ficou encarregado do tema, a ser levantado em reuniões semanais. Além de desenvolver projetos internos para maior inclusão da diversidade em suas várias vertentes, o grupo organiza palestras para todos os colaboradores, com o objetivo de fomentar e abrir novas portas para o assunto de alta relevância para a sociedade e para os negócios.

Já na iugu, segundo Gonçalves, a diversidade começa pelo ambiente que dá liberdade para cada um ser quem de fato é. O executivo também contou que o tema funciona como um filtro importante no recrutamento e seleção de profissionais. Para garanti-lo, os líderes da fintech são estimulados a fazer contratação às cegas – com base na experiência do candidato, não na escola em que ele se formou.

Visão ampla de resiliência

Mario Tiellet, da SAP Brasil, encerrou o programa evidenciando o que Wickbold e iugu têm em comum: a resiliência. Ambas as empresas têm a capacidade de unir soluções inovadoras, tecnológicas e eficientes, explorando uma mentalidade que enxerga para além da crise atual.

O VP de midmarket da SAP Brasil também reconheceu a relevância do ESG na evolução dos modelos de negócio e na resiliência ao acrescentar que “empresas resilientes conseguem olhar para o mercado e reagir com transformação, seja social, cultural ou econômica, e com muita humanidade”.

Conheça mais sobre o case da Wickbold e como ela contribui para o combate à desigualdade ampliada pela pandemia.

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Autoria

Angela Miguel

Angela Miguel é editora de conteúdos customizados de HSM Management e MIT Sloan Review Brasil.

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