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Wickbold: combater a desigualdade, aproveitar a oportunidade

Participante do evento Eixo Exponencial SAP, fabricante de pães e panetones apostou no apoio a famílias produtoras de grãos na pandemia de Covid-19

Angela Miguel

16 de Março

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Artigo Wickbold: combater a desigualdade, aproveitar a oportunidade

Desde 2015, a fabricante de pães industrializados Wickbold, uma das líderes de seu segmento no País, vem vivendo um processo de expansão contínua. Desde a compra da Seven Boys e a incorporação de novas fábricas, seu faturamento anual saltou de R$ 650 milhões anuais em 2015 para mais de R$ 1 bilhão três anos depois.

E o que aconteceu durante a crise de 2020? De um lado, as vendas de pães e bolos industrializados como um todo cresceram 10% sobre 2019, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), totalizando um mercado de R$ 9,03 bilhões, uma vez que as pessoas passaram a consumir mais pão em casa.

Contudo, do outro lado, a crise pandêmica agravou o quadro da desigualdade social, que já vinha aumentando nos últimos quatro anos. Em 2019, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, por exemplo, que um brasileiro na faixa dos 5% com menor ganho no País recebia cerca de R$ 160 mensais; já um cidadão pertencente aos 1% com maior ganho recebia mais de R$ 28 mil mensais. E mesmo com a criação do auxílio emergencial, a distância entre as classes tem se alargado.

Ciente de seu papel na sociedade e em busca de respostas para reduzir tal cenário, a Wickbold tentou encontrar um equilíbrio entre abraçar as oportunidades do momento e combater a desigualdade ampliada em 2020. Foi o que Leandro Roldão, CIO da Wickbold, contou no dia 4 de março último, no “Eixo Exponencial SAP - O futuro no agora: existe um caminho certo para os modelos de negócio?”, evento que teve HSM Management na bancada de entrevistadores.

Combate à desigualdade

Conforme apresentado pelo estudo 10 Principais Tendências Globais de Consumo 2021, realizado pela Euromonitor International, os consumidores estão atentos às marcas e suas ações em nome da sustentabilidade social e econômica. Com a reputação (e os resultados) em jogo, as organizações não podem mais ignorar os problemas que fazem parte da sociedade.

Como a Covid-19 escancarou a seriedade da desigualdade brasileira, clientes por todo o País passaram a olhar com muito mais atenção às atitudes dos players, suas relações de trabalho e quão verdadeiros eram seus valores, especialmente aqueles que se diziam ligados à uma consciência social. Marcas que não agiam antes da pandemia e focavam suas ações apenas no discurso perderam espaço na pandemia.

A Wickbold se comprometeu a ajudar na redução da desigualdade na prática, por meio de um projeto realizado na Amazônia, onde estão os fornecedores dos grãos de seus pães, nomeado Origens Brasil. Desde 2015, a empresa compra toda a produção de castanha dos extrativistas, quilombolas e povos indígenas de três territórios na Amazônia – Xingu, Calha Norte e Rio Negro. Essas regiões englobam 11 áreas protegidas e envolve perto de mil pessoas.

“Apoiamos essas famílias a terem renda”, disse Roldão, adicionando que a relação comercial da empresa com elas visa contribuir para a conservação dos territórios e valorização de sua cultura.

Para fazer parte do Origens Brasil, os produtores se comprometem a ajudar a proteger a diversidade socioambiental com seu modo de vida. As parcerias comerciais são avaliadas sob um conjunto de critérios de comércio ético, como diálogo na negociação, transparência no acesso às informações, respeito ao modo de vida das populações, preço justo, entre outros.

Com a chegada da Covid-19, a Wickbold estendeu ações com o objetivo de socorrer pessoas de baixa renda em um contexto tão incerto quanto o atual. Em parceria com outras companhias, foram realizadas doações de pães para famílias nas regiões mais afetadas pela crise sanitária.

Comportamento é oportunidade

Se, conforme ditam as consultorias de mercado, marcas comprometidas com a sustentabilidade devem ganhar cada vez mais a preferência dos consumidores daqui por diante, iniciativas como o Origens Brasil serão reconhecidas pelo público e podem significar ganhos para companhias como a Wickbold no médio prazo.

Ainda assim, a fabricante de pães também abordou diretamente oportunidades de negócio que surgiram por meio de novos comportamentos derivados do distanciamento social. Para além do aumento das vendas de pães industrializados para consumo nas residências, a organização percebeu o movimento crescente de brasileiros dedicados à cozinha. Interessadas em desenvolver seus dotes culinários, pessoas optaram por preparar receitas e produtos que antes eram comprados prontos – e o pão foi uma das estrelas dessa onda.

Sensível na observação e rápida ao confirmar suas suspeitas com constantes pesquisas de mercado, a Wickbold apostou na inovação e lançou, ainda em 2020, a linha Do Seu Forno. Trata-se de misturas de ingredientes, prontas para o consumidor preparar seus pães em casa de forma mais simples e fácil, adicionando apenas água e óleo.

Além da mistura “original”, a linha conta com opções veganas e sem conservantes para uma produção caseira e de alta qualidade. Em paralelo, a fim de estreitar seu relacionamento com os consumidores, criou um site com dicas e receitas para aqueles que desejam ir além de criar seu pão caseiro. “Criamos um produto de sucesso, baseado em pesquisas, inovação e olhar apurado sobre o mercado e o comportamento do consumidor”, resumiu Roldão, durante o Eixo Exponencial SAP.

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Autoria

Angela Miguel

Angela Miguel é editora de conteúdos customizados de HSM Management e MIT Sloan Review Brasil.

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