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Este é um dos vilões invisíveis que impedem ou atrapalham o sucesso das ações de D&I nas corporações
Thalita Gelenske
11 de Maio
Uma pesquisa da PwC mostrou que as empresas estão investindo de forma sem precedentes em programas de diversidade e inclusão (D&I): 76% das participantes dizem que o tema é um valor ou uma prioridade. No entanto, apenas 5% das organizações afirmam ter pleno sucesso em seus programas de D&I.
Por que existe esse enorme gap entre discurso e os resultados obtidos em diversidade? Por qual motivo estamos falhando na efetividade dos programas?
Ao longo da minha jornada apoiando mais de 70 grandes empresas a colocarem a diversidade em prática, fui coletando insumos e análises para responder essa provocação. Inclusive, cheguei a escrever sobre os cinco motivos por que as estratégias de diversidade falham na minha primeira coluna aqui no site da HSM Management.
No entanto, a cada dia que passa, percebo a necessidade de falarmos sobre os grandes vilões invisíveis para o avanço da diversidade nas organizações brasileiras. No artigo de hoje, vou abordar um deles: a terceirização da responsabilidade de D&I.
Antes de falar sobre esse grande obstáculo, acho importante entendermos onde o tema de D&I normalmente se encaixa nas estruturas organizacionais.
Na pesquisa de benchmarking, realizada pela Blend Edu em 2020 com 45 empresas brasileiras – dentre as quais Natura, Carrefour, QuintoAndar, Resultados Digitais (ligada à RD Station), Easynvest, Prudential, Tim e Ambev –, notamos que cerca de 63% delas afirmaram que o principal objetivo do programa de D&I é engajar colaboradores na criação de uma cultura inclusiva.
Se – como já dizia Peter Drucker – a cultura come a estratégia no café da manhã, seria de se imaginar que a construção de uma cultura pautada em inclusão está na agenda das lideranças do Brasil e do mundo.
Uma pesquisa recente da Conference Board ouviu 1.520 executivos, incluindo 740 CEOs, mostrando as principais prioridades internas de suas empresas, que foram ordenadas abaixo:
Apesar dos itens 10 e 14 (listados anteriormente) mostrarem uma consciência sobre a relevância do tema, a pesquisa da PwC citada no início deste artigo mostra que 79% do engajamento da liderança em D&I permanece nos níveis básico ou emergente.
Então, o que está acontecendo?
Passei a perceber que existe um padrão tóxico no ambiente corporativo, que passei a chamar de ciclo vicioso da terceirização da responsabilidade em diversidade e inclusão.
Mas, afinal, como ele se estrutura?
Basicamente, o ciclo começa com a alta liderança da organização percebendo que sua cultura não é inclusiva e que seu C-level possui baixa representatividade. Essa tomada de consciência pode acontecer por diferentes fatores, seja pelas lideranças possuírem diversidade como um valor pessoal, seja pela cobrança de investidores e stakeholders ou movida por uma gestão de crise.
Independentemente do gatilho para a tomada de consciência, é comum que a liderança opte por delegar a responsabilidade de construção de valores, comportamentos e artefatos que potencializam a inclusão para a área de recursos humanos. Na própria pesquisa de benchmarking realizada pela Blend Edu, percebe-se que o RH costuma ser o principal responsável pela temática na maioria das organizações.
E é natural que a liderança conte com áreas-chave na organização para estruturar, implementar e medir suas iniciativas. No entanto, a raiz do problema está no fato da liderança – diante do desconhecimento no assunto – entrar na zona de conforto, transferindo completamente esse papel para profissionais de recursos humanos. Ou seja, não é um movimento de corresponsabilização, mas sim uma terceirização completa dessa responsabilidade.
Ao receber o mandato de fazer a gestão da diversidade, é comum que o RH se sinta desorientado pela falta de referências, metodologias e cursos de qualidade no cenário brasileiro.
Diversidade é um tema novo, em constante evolução e que ainda está ganhando maturidade dentro das escolas de gestão e universidades.
Sem saber por onde começar, o RH acaba encontrando um atalho: estruturar grupos de afinidade (ou coletivos de diversidade), delegando para eles a responsabilidade de realizar mudanças estruturais (sem orçamento, estrutura ou apoio institucional).
Infelizmente, é comum que esse movimento seja feito de forma desestruturada: sem pensar em governança, sem definir papéis e responsabilidade e sem delimitar os diferentes níveis de autonomia, o que normalmente é evitado quando se usa uma metodologia estruturada. Desta forma, esses grupos – formados por colaboradores de grupos minorizados que se voluntariam para apoiar os esforços de D&I durante algumas horas no mês – acabam com uma bomba-relógio na mão.
Além de representar um certo comodismo, a terceirização da responsabilidade de D&I para os grupos de afinidade acaba sendo algo extremamente injusto, pois ela acaba transferindo a responsabilidade da resolução dos problemas estruturais para as pessoas que mais são afetadas por eles. O “oprimido” precisa resolver problemas criados pelo “opressor” (falando simbolicamente).
O melhor caminho seria trazer essas pessoas à mesa, ouvindo suas dores, necessidades e demandas, sem sobrecarregá-las com um mandato que dificilmente será cumprido sem o devido apoio interno.
Caminhos possíveis para quem trabalha com diversidade Esse ciclo vicioso é um problema complexo e multifacetado e que dificilmente encontrará soluções simplistas.
Eu acredito profundamente que todas as consultorias e especialistas de diversidade deveriam estar refletindo profundamente sobre como direcionar as empresas à ação, sem criar uma relação de dependência.
Com isso em mente, eu tenho tomado algumas decisões que podem ajudar as pessoas que atuam com diversidade a ganhar autonomia no longo prazo:
Se você está lendo esse meu artigo e percebendo que a sua empresa enfrenta esse ciclo vicioso, também compartilho algumas sugestões:
Outros caminhos e ações possíveis podem ser encontradas na metodologia dos 8 objetivos e 21 compromissos, desenvolvidos pela Blend Edu para orientar a atuação das empresas brasileiras.
Já passou da hora de encararmos nossas sombras de frente para criar ações verdadeiramente efetivas para fazer a pauta de diversidade decolar.
Thalita Gelenske
Fundadora e CEO da Blend Edu, startup que já tem em seu portfólio empresas como 3M, TIM, Reserva, Movile, Grupo Fleury, TechnipFMC, Prumo Logística, brMalls etc. Thalita também está presente na lista da Forbes Under 30 de 2019, como uma dos 6 jovens destaques na categoria Terceiro Setor e Empreendedorismo Social.
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