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Saúde mental

4 min de leitura

Saúde mental é fundamental para o desenvolvimento socioeconômico

Os esforços das empresas em prol da saúde mental dos colaboradores ganham impulso com o movimento Mente em Foco, trazendo o assunto para a agenda estratégica das organizações

Carlo Pereira, Roberta Machado e Lisiane Bizarro

06 de Setembro

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Artigo Saúde mental é fundamental para o desenvolvimento socioeconômico

A pandemia da Covid-19 ainda está longe de terminar, e as consequências dela serão sentidas das mais diversas formas e por muitos anos depois que isto acontecer. Além da perda inestimável de milhões de pessoas, das perdas econômicas e sociais, com a insegurança alimentar crescendo em escala global, e outras que ainda vamos conhecer, a crise sanitária trouxe transformações em toda a sociedade. A crise aumentou as desigualdades e atingiu mais duramente os mais vulneráveis.

Mudanças no mundo do trabalho que estavam em curso foram precipitadas pela pandemia. Mais do que o home office, as formas de trabalho foram repensadas, com forte participação de processos totalmente digitais. Os novos modelos de trabalho, a aceleração da transformação digital nas empresas, as restrições de convívio no trabalho e a fusão da vida pessoal e profissional também afetaram as pessoas, particularmente a saúde mental.

Saúde mental e desenvolvimento sustentável

Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos em todas as idades é o terceiro de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas. Dentre as metas do Brasil para o ODS 3 até 2030, estão: reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis via prevenção e tratamento, promover a saúde mental e o bem-estar, a saúde do trabalhador e da trabalhadora, e prevenir o suicídio.

A Rede Brasil do Pacto Global da ONU é uma plataforma que reúne o setor empresarial para atuar com impacto mensurável nos ODS e se tornou a principal iniciativa de sustentabilidade corporativa do País. A experiência desta Rede mostra que o caminho passa pela atuação de redes de organizações com iniciativas e ações que têm como tripé as governanças ambiental, social e corporativa (ou ESG, do inglês Environmental, Social and Governance). Nos últimos meses, o ESG tem tomado cada vez mais espaço dentro das estratégias das empresas brasileiras. As pessoas devem estar no centro de todas essas ações, em congruência com os ODS.

Levantamento preliminar do Ministério da Saúde, feito em 2020, aponta que a ansiedade é o transtorno mental mais presente entre os brasileiros durante a pandemia. Já antes da pandemia, a Organização Mundial da Saúde estimava que a depressão e a ansiedade custam à economia mundial US$ 1 trilhão ao ano em perda de produtividade.

Em um cenário brasileiro, os transtornos comportamentais e de saúde mental já são a terceira causa de afastamento de trabalhadores de seus postos de trabalho, de acordo com informações da Secretaria de Previdência, vinculada ao Ministério da Economia.

A saúde mental na agenda das organizações

Estes dados despertam para uma realidade já detectada há algum tempo e que afeta diretamente a vida das pessoas e, por consequência, toda a sociedade, incluindo a produtividade das empresas. Os cuidados com a saúde mental já figuravam em reuniões e em planos de ação das companhias. A grave crise sanitária tornou evidente que o clima organizacional tem um papel central na saúde e bem-estar dos colaboradores de todos os níveis hierárquicos.

As empresas começaram a entender a importância de agir – não de forma emergencial com ações pontuais, mas de forma estratégica. Sabemos quão delicado é falar sobre esse tema, uma vez que ainda existe muito tabu, estigma e preconceito.

Saúde mental não se resume em ausência de doença mental. É o resultado do desenvolvimento psicológico ao longo da vida. Saúde mental depende de capacitação de pessoas, programas comportamentais proativos e envolvimento dos setores de educação, trabalho, justiça e bem-estar.

Os psicólogos estão entre os profissionais de saúde que trabalham para melhorar a saúde mental em todas as partes do mundo. Por isso, a Sociedade Brasileira de Psicologia e outras sociedades científicas de diversos países formaram uma aliança global comprometida com os ODS da Agenda 2030.

Movimento Mente em Foco

Por entender a urgente necessidade de se falar de forma franca sobre esse universo, a Rede Brasil do Pacto Global, a Sociedade Brasileira de Psicologia e a InPress Porter Novelli criaram o movimento Mente em Foco, que convida e estimula o setor privado a estabelecer ações concretas e duradouras para criar e manter um ambiente de trabalho equilibrado e saudável que ofereça segurança psicológica aos seus colaboradores.

Agir de forma proativa e preventiva, incluindo esses temas como parte da gestão estratégica das empresas, faz toda a diferença para as pessoas, independente de qual seja o nível hierárquico. E, para isso, é necessário estimular a discussão aberta, estabelecer estratégias e iniciativas consistentes de promoção da saúde mental no trabalho. Isso tem impacto na vida das pessoas, nos negócios, na economia e no desenvolvimento social.

O Mente em Foco promove a união, com troca de experiências e ações claras para garantirmos às pessoas um direito fundamental: o da saúde. Ter acesso ao melhor conhecimento para cuidarmos uns dos outros e construirmos uma sociedade mais saudável é algo indispensável para o desenvolvimento socioeconômico mais justo, sustentável e igualitário no Brasil e no mundo.

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Autoria

Carlo Pereira, Roberta Machado e Lisiane Bizarro

Carlo Pereira é diretor executivo da Rede Brasil do Pacto Global – ONU. Roberta Machado é CEO da InPress Porter Novelli. Lisiane Bizarro é diretora e primeira secretária da Sociedade Brasileira de Psicologia.

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