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Saúde mental

4 min de leitura

Empresa preocupada com saúde é mais valorizada pelos colaboradores

Ter a preocupação com o bem-estar e a saúde mental dos colaboradores causa impacto não só no engajamento e na produtividade, mas também reduz o turnover e, consequentemente, melhora os resultados do negócio. Mas há desafios

Sandra Regina da Silva

23 de Novembro

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Artigo Empresa preocupada com saúde é mais valorizada pelos colaboradores

Um novo estudo indica um caminho para que empresas sejam mais valorizadas pelos seus funcionários. O Pulso RH – A saúde do colaborador brasileiro, que ouviu 1.000 trabalhadores em outubro, concluiu que os colaboradores são mais engajados nas empresas que têm preocupação com a saúde mental e bem-estar físico – 35% a mais do que naquelas em que não há iniciativas nessa frente. E não há diferenças significativas entre as faixas etárias.

Esse estudo foi idealizado pela Alice, plano de saúde corporativo e gestora de saúde, numa parceria com Beneficência Portuguesa de São Paulo, Caju, Grupo Fleury, Gupy, O Futuro das Coisas e Zazos, a partir da pesquisa aplicada pelo Opinion Box.

Os resultados comprovam, então, que uma boa estratégia é que a empresa e, consequentemente, seus líderes tenham um olhar mais humanizado quanto à saúde física e mental das pessoas.

Entretanto, a preocupação deve ser genuína e num amplo espectro, com ações que promovam ambientes saudáveis, incentivem os bons hábitos no que tange à alimentação, às atividades físicas, ao sono etc. Afinal sabe-se que esses fatores impactam a saúde das pessoas. Porém aí há um gap levantado pelo Pulso RH: da amostra, 63% disseram que nunca receberam orientações das empresas sobre como melhorar a alimentação, assim como os exercícios físicos. Então, não basta só oferecer um bom plano de saúde e ter ações pontuais e isoladas.

Curiosamente, o estudo escancarou a correlação da postura da empresa com a percepção que o trabalhador tem em relação à sua própria saúde mental. Entre aqueles que veem que sua empresa se preocupa com a saúde mental dos colaboradores, 70% consideram sua própria saúde mental boa ou ótima. O percentual cai para 40% entre os que consideram que a empresa não tem essa preocupação. Ainda nessa esteira, no primeiro grupo de empresas, 24% revelaram já ter tido burnout, contra 37% no segundo grupo.

Responsabilidade da empresa ou não?

“A saúde é responsabilidade da pessoa”, destaca Sarita Vollnhofer, CHRO da Alice, "porém a empresa pode ser catalisadora", completa ela. Assumir esse papel, ainda mais quando se busca estar alinhada aos fatores ESG (governança ambiental, social e corporativa, na tradução), traz vários benefícios aos negócios.

Sarita Vollnhofer

Foto: Sarita Vollnhofer, CHRO da Alice.

Conforme o estudo da Alice, 77% dos colaboradores se dizem engajados e conectados às empresas que se preocupam com a saúde mental e bem-estar físico – nas que não há essa preocupação, o percentual cai para 58%. Outro dado que justifica a postura é que 97% têm orgulho de trabalhar em empresas do primeiro grupo, frente aos 75% orgulhosos do segundo grupo.

Autonomia e reconhecimento

Claro que todas as ações e iniciativas devem ser calcadas numa cultura organizacional que valorize, neste caso, o S do ESG – onde os colaboradores estão inseridos. E, para isso, os holofotes também recaem sobre os gestores, os líderes. “Autonomia e reconhecimento causam importante impacto”, avisa Vollnhofer.

O Pulso RH mostrou que, quando têm a percepção que são reconhecidos, 69% disseram que sua saúde é ótima ou boa; já quando o reconhecimento é inexistente, só 37% consideraram a saúde ótima ou boa. Na questão da autonomia, gozar de saúde ótima ou boa foi apontada por 63% dos que têm autonomia e somente 40% dos que não a têm.

Os dados revelados na pesquisa mostram por que as empresas devem se preocupar com suas pessoas, com seus times. Vollnhofer pontua que são muitos os benefícios quando empresas se conectam à busca por um mundo mais saudável, pois colaboradores mais engajados impactam na produtividade e, consequentemente, nos resultados corporativos.

Muito a avançar...

Desde a pandemia de covid-19, o mercado corporativo teve grande evolução no relacionamento e trato com as pessoas. “Foi uma evolução forçada e necessária, mas há muito a fazer”, diz ela. Ainda hoje, a grande maioria está diante dos desafios dos diferentes modelos de trabalho (presencial, híbrido, remoto). Se por um lado, sabe-se que as conexões entre as pessoas são importantes para a saúde mental – e isso no mundo virtual não é igual no presencial –, por outro, há o tempo perdido no trânsito no ir e vir do trabalho, por exemplo.

Enquanto se analisam e se decidem as melhores formas de se trabalhar, as iniciativas visando a saúde mental e o bem-estar ainda são muito isoladas na maioria das empresas, avalia a CHRO da Alice. O ideal, segundo ela, é o cuidado holístico e pensar em prevenção, o que poucas fazem.

“É preciso mostrar a importância com dados e fatos. E precisa medir, ter indicadores também da saúde das pessoas. Mais que isso, tem de ter diagnóstico próprio, porque cada empresa é diferente da outra”, avisa ela. Até mesmo dentro da empresa, as necessidades de um time diferem das de outro, o que requer ações específicas por áreas. “Isso tem que evoluir no Brasil. É uma questão muito estratégica”, conclui.

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Autoria

Sandra Regina da Silva

Sandra Regina da Silva é colaboradora de HSM Management.

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