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Liderança, times e cultura

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Além do RH: A saúde mental no centro da estratégia organizacional

Cada vez mais associados aos índices de produtividade e à redução de custos operacionais, a criação ambientes seguros e os modelos de cuidado integral começam a ganhar espaço na agenda da alta liderança

Colunista Thomaz Gomes

Thomaz Gomes

29 de Dezembro

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Artigo Além do RH: A saúde mental no centro da estratégia organizacional

De acordo com o último relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), os quadros de depressão e ansiedade geram custos de aproximadamente US$ 1 trilhão por ano à economia global — o mesmo estudo aponta que cerca de um bilhão de adultos em idade ativa enfrentam algum tipo de transtorno mental. No mercado de trabalho, os impactos podem ser observados no aumento de turnover, na falta de engajamento e na redução de produtividade entre negócios de praticamente todos os setores.

Para lidar com os desafios apresentados por esse cenário, um número crescente de lideranças vêm apostando em abordagens mais humanizadas de gestão de talentos. Neste mais recente capítulo das relações entre pessoas e empresas, as políticas de bem-estar saíram das bordas da cultura organizacional para ganhar o centro das estratégias corporativas. Entre as expectativas de gestores e equipes, ganha força a percepção de que o enfrentamento dos problemas de saúde mental demanda uma articulação sistêmica que vai além do RH e envolve a atuação de diversas camadas de stakeholders.

Os novos caminhos para incentivar o equilíbrio e o cuidado no mercado de trabalho foram o tema central do webinar Ambientes emocionalmente seguros: o incentivo ao bem-estar e à saúde integral dos colaboradores. Com participações de Rui Brandão, CEO do Zenklub; Guilherme Weigert, CEO da Conexa; e Daniela Kono,head de bem-estar na Creditas, a conversa abriu a programação da HR Planning Week, série de encontros online coproduzido por HSM Management, Zenklub e Copastur no início de novembro.

CANAIS ABERTOS

A criação de ambientes de trabalho orientados pela saúde e o bem-estar de colaboradores tem como base o desenvolvimento de ações preventivas — e não apenas o tratamento de síndromes e doenças. Para aplicar essa estratégia na prática, é fundamental identificar as necessidades reais de diferentes quadros de colaboradores. “O primeiro passo é mapear e estratificar as demandas coletivas e os desafios individuais de cada pessoa. A partir daí, é necessário olhar além dos retratos instantâneos e analisar históricos de saúde como se fossem um longa-metragem”, afirma Weigert.

O engajamento da alta liderança é outro aspecto crucial na execução de programas e iniciativas de saúde e bem-estar. Nesse sentido, o RH vem ganhando um novo protagonismo como influenciador e articulador dos interesses de diversas pontas de suas cadeias de negócios. “O cuidado com a saúde mental precisa ser intencional e ativo. Não basta apenas garantir o acesso ao tratamento, mas também incluir as pessoas em um ecossistema de soluções que aponte o protocolo correto para resolver seus problemas”, diz Weigert.

Nesta nova era de cuidado integral, a abertura de canais de escuta e a desconstrução de mitos de hierarquia também surgem como importantes vetores de melhoria de qualidade de vida e do clima organizacional. Para Kono trata-se de uma jornada que envolve a formação de estruturas coletivas de apoio e acompanhamento. “O incentivo à segurança psicológica não deve ser uma atribuição exclusiva do RH ou dos gestores diretos. A formação de ambientes saudáveis passa pelo engajamento de profissionais em todos os níveis da organização”, diz Kono. “Por essa razão, é necessário educar e munir todos os funcionários com os conceitos e as ferramentas necessárias para lidar, apoiar e orientar qualquer pessoa que esteja enfrentando algum problema”, afirma.

Entre os fatores que fortalecem esse posicionamento, Brandão ressalta a importância de uma abordagem coordenada entre as diversas frentes e dimensões que envolvem questões de saúde e bem-estar. “A integralidade de saúde é formada pela combinação entre o físico, o social e o mental. É importante lembrar que todo mundo tem a sua responsabilidade nessa agenda e que as empresas precisam ocupar esse espaço. Não se trata apenas de tratar depressão, ansiedade e exaustão, mas de olhar o indivíduo a partir de todas as suas necessidades”, afirma.

Como exemplo dessa tendência, ele destaca o case da Volkswagen, que vem apostando em times multidisciplinares — incluindo médicos, psicólogos, enfermeiros e parceiros como o Zenklub— para realizar a gestão de saúde de suas equipes. “Ao adotar esse modelo, a Volkswagen consegue ter uma visão mais abrangente da gestão de saúde de suas equipes e direcionar as pessoas para os tratamentos mais adequados. Trata-se de um caminho que fortalece uma cultura de accountability entre os prestadores de serviço e que permite acompanhar o desfecho clínico de cada indivíduo com mais precisão”, diz o executivo.

NA PAUTA DO BOARD

Mais do que responsabilidade corporativa, a promoção de ambientes seguros e modelos de saúde integral está cada vez mais associada à melhoria dos resultados financeiros. O retorno sobre investimento, nesse caso, fica evidente na redução de custos com contratações, litígios trabalhistas e nas próprias metas de crescimento das organizações — além dos benefícios para o próprio sistema de saúde. “Existe um alto volume de atendimentos em pronto-socorros que estão ligados a sintomas emocionais. Isso mostra que existe um enorme potencial para começar a resolver alguns desses problemas na própria empresa”, diz Brandão.

Em meio aos avanços globais da agenda ESG (ambiental, social e de governança), a saúde mental vem ganhando espaço na pauta da presidência e dos conselhos de administração. Mais que uma tendência, trata-se de um movimento crucial para a conscientização de equipes e para a criação de estratégias de longo prazo — e que deve se revelar cada vez mais como um diferencial competitivo para organizações realmente comprometidas com o bem-estar de suas equipes. “Não é mais possível separar a sustentabilidade do negócio da sustentabilidade da gestão de pessoas. Para consolidar essa mentalidade, as lideranças precisam deixar de olhar a saúde como um custo e passar a encará-la como um dos mais importantes ativos de suas empresas”, sinaliza Brandão.


Para saber como Zenklub pode ajudar sua empresa a construir uma estratégia de saúde mental, acesse: Zenklub.com.br

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Autoria

Colunista Thomaz Gomes

Thomaz Gomes

Jornalista com ampla experiência nas áreas de negócios, inovação e tecnologia. Especializado em produção de conteúdo para veículos de mídia, branded content e gestão de projetos multiplataforma (online, impresso e eventos). Vencedor dos prêmios Citi Journalistic Excellence Award e Editora Globo de Jornalismo. Também é gerente de conteúdo da HSM Management.

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