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Inovação

7 min de leitura

A inovação a partir das nossas 12 habilidades à prova do futuro

Em entrevista exclusiva, a empreendedora e professora adjunta na Johns Hopkins University, Saleema Vellani, compartilha alguns dos principais achados sobre inovação de seu novo livro "Innovation Starts with I"

Lilian Cruz

04 de Novembro

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Artigo A inovação a partir das nossas 12 habilidades à prova do futuro

Em alguns dos meus últimos artigos, falamos sobre organizações ambidestras e sobre as principais virtudes dos CMOs ambidestros.

Lembrando que, o conceito de "ambidestria" significa ter o equilíbrio entre a exploração e explotação: organizações (e profissionais) ambidestros são capazes de explotar suas competências atuais, enquanto simultaneamente, exploraram novas oportunidades.

A exploração é algo incerto: seu desfecho é desconhecido (e arriscado). Portanto, ela requer criatividade, abertura para experimentação e aprendizado, e coragem. Agora, compreender o que é uma organização ambidestra é uma coisa, mas torná-la uma realidade, é outra.

Nesta coluna, convidei Saleema Vellani, empreendedora, keynote speaker e professora adjunta de empreendedorismo e design thinking na Johns Hopkins University para responder a algumas perguntas sobre inovação, empreendedorismo e sobre como, simplesmente, sermos humanos.

Durante a entrevista, ela também falou sobre os principais achados compartilhados em seu livro, Innovation Starts With I – que será lançado em inglês em novembro de 2021 – e posteriormente traduzido para o português.

Lilian Cruz: Em seu livro, você fala sobre inovação não ser apenas sobre novas tecnologias. Você acredita verdadeiramente que, ao fortalecermos nossas doze habilidades à prova do futuro, podemos desenvolver um mindset empreendedor, pensarmos mais como inovadores, e termos melhores capacidades para resolução de problemas. Poderia comentar sobre como isso é possível? Por exemplo, existem determinadas características que são importantes para que os profissionais possam prosperar no mercado?

Saleema Vellani: Como estamos vivendo tempos de rápidas mudanças e incertezas, a inovação nos habilita – tanto como indivíduos quanto como organizações – para nos mantermos relevantes em um mercado extremamente competitivo.

Ao invés de reinventar a roda, a inovação é sobre alavancar coisas existentes e reorganizá-las para que gerem mais valor. Podemos alavancar fortalezas, recursos, parceiros e informações existentes para gerar um impacto maior. Podemos alavancar nosso “eu” único e autêntico.

Durante a etapa de pesquisa para o meu livro, me propus a fazer o “Desafio de 100 Cafés”, onde entrevistei líderes e empreendedores ao redor do mundo sobre o que eles achavam que eram as habilidades mais importantes para se prosperar em um futuro incerto. Também perguntei a eles quais eram as suas definições para inovação. Depois de analisar profundamente as respostas, de facilitar workshops em vários países, juntamente com a minha experiência pessoal, descobri que a auto inovação em nossa jornada pessoal substitui qualquer definição tradicional de inovação.

Para ativar a inovação em nossa jornada pessoal para termos sucesso durante a Revolução da Reinvenção, existem doze habilidades-chave que precisamos ter para prosperarmos, enquanto nos aproximamos da “Era Aumentada” (Augmented Age).

Estas doze habilidades podem ser divididas em três categorias distintas: EU, NÓS, O MUNDO. O primeiro grupo é sobre encontrar a si mesmo através da prática de autoconhecimento. Quais são as suas habilidades, valores e interesses que podem agregar valor à sua vida? O segundo grupo é definido por atitudes de colaboração e trabalho com outras pessoas para construir empatia e autenticidade em seu trabalho. O último grupo provoca você a explorar as mais diversas maneiras em que você pode ter um impacto no mundo.

O FRAMEWORK “RIPPLE IMPACT”

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Lilian Cruz: O principal problema que muitos executivos, incluindo CMOs, enfrentam é ter que dirigir o negócio e transformá-lo exponencialmente ao mesmo tempo. Portanto, o desenvolvimento de intraempreendedores não é simples – e muitas pessoas têm uma crença de que somente é possível ser um verdadeiro inovador sendo um empreendedor. Você desenvolveu um framework para ajudar colaboradores a encontrarem seu “ponto ótimo” para serem inovadores e se tornarem intraempreendedores. Assim, você diria que esta é uma boa alternativa?

Saleema Vellani: Você não precisa ser um empreendedor para ser inovador. Eu descobri meu “ponto ótimo” dando um passo para trás, definindo claramente em quais projetos e habilidades eu havia tido mais sucesso ao longo da minha carreira, também observando quais eram os projetos nos quais eu mais havia amado trabalhar, quais foram as conquistas em que tive reconhecimento, e explorando coisas que eu estava aberta para testar.

Foi neste momento que eu percebi que nosso “ponto ótimo” não é algo descoberto, mas é algo desenvolvido. Quando você analisa as ideias que está disposto a perseguir, é justamente lá que a inovação se encontra. São estes os projetos que colocam você fora da sua zona de conforto, em direção à sua zona de crescimento. E nossos “pontos ótimos” se desenvolvem e mudam enquanto crescemos, tanto em nossas vidas profissionais quanto pessoais. É o que nos leva a desafiar a nós mesmos e ficarmos com fome de conhecimento.

Lilian Cruz: Você tem uma aceleradora chamada Ripple Impact, que atende indivíduos e organizações, a fim de ajudá-los em seus processos de rebranding e reposicionamento. Como você teve essa ideia? Como você está incorporando inclusão e diversidade nos negócios e na indústria? Existem ferramentas ou estruturas que estão ajudando você a causar impacto?

Saleema Vellani: Assim que a pandemia começou, ela deixou muita gente sem emprego ou uma renda estável. Algumas pessoas queriam se reposicionar para que pudessem encontrar um novo emprego, enquanto outros queriam dar um salto e perseguir um novo caminho de carreira. Muitos dos clientes que eu estava atraindo eram empreendedores que precisavam de ajuda para reinventar seus negócios, sem conhecimento sobre como fazer isso. Eles estavam por todo o lado, com muita garra, mas sem direção. Tudo aconteceu muito organicamente.

Minha equipe e eu criamos a Ripple Impact como uma maneira de nos tornarmos criativos com a colaboração. Queríamos criar um espaço onde os empreendedores pudessem descobrir e desenvolver seus “pontos ótimos”, com uma equipe de bastidores experiente trabalhando ao lado deles.

Enquanto eles se concentram no que eles são bons, trabalhamos com nossa talentosa equipe de estrategistas, profissionais de marketing e criativos em seus rebrandings e reposicionamentos. Não há mais a necessidade de ensinar as pessoas a pescarem para que elas possam se defender sozinhas — em vez disso, nós apenas pescamos com elas.

Em termos de inclusão, quando comecei a contratar minha equipe para a Ripple Impact, tive o privilégio de escolhê-la em um pool global de talentos. Eu sabia que para ter uma equipe brilhante, eu tinha que criar um equilíbrio de diferentes tipos de personalidade, como o visionário, o estrategista, o executor e o designer. Explico esses tipos de personalidade em detalhes no meu livro, em uma estrutura chamada “Receita de Equipe Inovadora” (veja abaixo), mas a essência de ter uma equipe diversa e equilibrada é reunir um conjunto de indivíduos que são inovadores, acreditam em sua visão e querem gerar impacto. Dessa maneira, cada solução que criamos para nossos clientes é providenciada de maneira única.

RECEITA DE EQUIPE INOVADORA

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Imagem adaptada do “Innovative Personalities”, por Mike Duke, CEO da Mortal.ai e ex Chief Innovation Architect da Wells Fargo

Em meu livro, Innovation Starts With I, existem diversas ferramentas e frameworks para reinvenção, ideação, colaboração, priorização, formação de times e posicionamento.

Lilian Cruz: E, finalmente: você acredita que há espaço para nós, mulheres, sermos verdadeiramente autênticas e nos tornarmos vulneráveis em um ambiente corporativo? No geral, quais são os benefícios de ter esse comportamento, tanto para as pessoas quanto para as organizações?

Saleema Vellani: Acredito que, para criar espaço para autenticidade e vulnerabilidade no ambiente de trabalho, é preciso que haja uma abordagem de baixo para cima e de cima para baixo.

As organizações precisam modelar o comportamento. Isso significa que a liderança, especialmente as líderes femininas, devem se destacar e demonstrar apoio para a autenticidade no local de trabalho, e mostrar aos outros o tipo de força que está no compartilhamento de vulnerabilidades.

Há também a necessidade de apoio aos colaboradores e um grupo de recursos, com espaços seguros onde as conversas possam ocorrer e comunidades que pratiquem autenticidade e vulnerabilidade em sua essência.

Com grande parte da nossa realidade encharcada de conteúdo e feeds curados, é fácil ficar preso na crença de que nos apresentar de uma certa maneira é a única maneira correta de se comportar. Mas quando você traz o seu eu mais autêntico para uma conversa, quando você aparece com vulnerabilidade, as pessoas são mais propensas a ouvir, a se relacionar e ressoar com você e sua história.

Gostou do artigo da Lilian Cruz? Confira outros conteúdos sobre inovação e marketing na comunidade Marketing Makers.

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Autoria

Lilian Cruz

Consultora e mentora em Inovação, Growth e Culture Hacking. Especialista em Transformação Digital, Estratégia de Negócios e Marketing. Fundadora da Zero Gravity Thinking.

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