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Carreira

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Otimismo no universo de coaching

As empresas têm exigido cada vez mais coaches credenciados. O coach não pode atuar de qualquer jeito. Por isso, o Brasil está debatendo a regulamentação da profissão nas casas legislativas

Sandra Regina da Silva

24 de Maio

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Artigo Otimismo no universo de coaching

Os profissionais que atuam como coaches no Brasil se mostram otimistas com a profissão. Essa é a conclusão do 2023 ICF Global Coaching Study, da International Coaching Federation (ICF). É a quinta edição da pesquisa, que foi realizada pela PwC, a qual ouviu quase 15 mil profissionais, em 157 países; e o otimismo é mundial.

As entrevistas, realizadas entre outubro e dezembro de 2022, mostram números positivos sobre as perspectivas de futuro para a profissão: 42% se consideram muito confiantes no crescimento do coaching nos próximos 3 a 5 anos, enquanto 30% estão um tanto confiantes e 20% estão extremamente confiantes.

O cenário pós-pandêmico também inspira otimismo: 54% acreditam que a pandemia trouxe mudanças positivas para o coaching. Uma delas é o desenvolvimento do formato online para a maior parte dos serviços prestados, o que já é utilizado por 85% dos coaches, confirmando a tendência de coaching digital.

Daqui para frente, consolidar o número de serviços que já oferecem e aumentar a taxa média de cobrança por coaching/hora estão nos planos de mais da metade dos coaches brasileiros ouvidos, sendo 55% e 54%, respectivamente. Já 46% pretendem alcançar mais qualificações e 41% querem aumentar o escopo de serviços oferecidos.

“Para o crescimento da profissão no nosso País, é fundamental que o profissional tenha uma formação de qualidade (ou acreditada), obtenha uma credencial e adquira as competências essenciais de um coach, com um forte compromisso com a ética”, comenta Camila Bonavito, presidente da ICF Brasil desde janeiro de 2023.

O recorte brasileiro do estudo de 2023 mostra bom nível de formação educacional: 70% possuem diplomas de pós-graduação ou mais avançado e 29% têm nível superior (bacharelado). Quanto à experiência como coach, 37% somam mais de 10 anos; 45% têm de 5 a 10 anos de experiência; 10%, entre 3 e 4 anos; e 7%, 1 a 2 anos. Já as principais áreas de atuação são: nível executivo (35%), liderança (25%), desenvolvimento de carreiras (18%).

Essa é uma de muitas pesquisas geradas pela ICF, divulgando dados e fatos, com o objetivo de conscientizar e de contribuir para o avanço da arte, ciência e prática do coaching profissional. Ao todo, são cerca de 2,5 mil estudos disponíveis.

Mais coaches em cena

No mundo há cerca de 100 mil coaches – 8% deles estão na América Latina, América Central e Caribe –, segundo estimativa da federação, o que representa um crescimento de 54% de 2019 para 2022. O maior salto foi na Ásia (aumento de 86%), seguido por Oriente Médio e África (74% a mais) e Europa Oriental (59%), enquanto América Latina e Caribe registraram acréscimo de 54% no número de profissionais na área – o Brasil, em número de coaches, responde por 20% dessa região.

Ainda globalmente, o estudo da ICF indica que 91% dos respondentes têm clientes ativos – 55% superior ao registrado em 2019. A receita anual também registrou aumento, de 60% comparada à de três anos antes, totalizando US$ 4,5 bilhões, principalmente pelo aumento no número de coaches. “Então, o aumento da receita é principalmente pelo maior número de profissionais”, pontua Bonavito. Ainda assim, os coaches declaram que tiveram, em média, 9% de aumento de receita individual por ano.

Os valores monetários diferem bastante de um país para o outro. Por exemplo, enquanto a média global da receita por profissional é de US$ 52,8 mil – com valor médio de US$ 244 a sessão/hora –, na América Latina essa média é de US$ 22,9 mil – US$ 144 por sessão/hora.

Além de mais coaches atuando, “percebemos que os profissionais fizeram ajustes no valor cobrado, após um congelamento na pandemia”, comenta Bonavito, que é executive & team coach desde 2011, depois de extensa carreira no mercado financeiro, muito mais voltado ao lado relacional do que ao técnico do setor. No mais, a maioria (93%) dos coaches têm outras atividades, como mentoria, facilitação, desenvolvimento de liderança, supervisão, treinamento, entre outras.

Regulamentação da profissão

O Brasil é o único País em que existe, no momento, discussão a respeito da regulamentação da profissão de coach nas casas legislativas. Os países mais avançados, segundo Marcus Baptista, presidente do Conselho Deliberativo da ICF Brasil e líder do projeto relacionado à regulamentação da profissão, adotam a autorregulamentação. “Essa foi a conclusão a que eles chegaram.” E é o que defende a ICF, que está engajada nas discussões que correm na Câmara e no Senado, ajudando a formar a consciência pela autorregulamentação. “Não temos ciência de qualquer país que tenha lei que regulamente a profissão”, conta ele.

Isso, obviamente, não significa que a ICF apoie a atuação como coach de qualquer jeito, muito pelo contrário. “Damos um arcabouço robusto e sério”, avisa Bonavito. Qualquer cliente, por exemplo, com base no código de ética da entidade, pode acionar a ICF. É uma segurança para quem contrata um coach credenciado. “O credenciamento oferece uma garantia ao cliente de que o profissional conhece o que é o coaching, que tem domínio das competências necessárias para uma prática de excelência embasada em comportamentos éticos”, afirma Baptista.

O que a ICF defende é que, para ser coach, a pessoa tem de ter qualificações e habilidades, experiência corporativa, ser transparente e ético, agir com responsabilidade, além de estar sempre se aprimorando, estudando. Para garantir que os profissionais não parem no tempo, a federação apoia a estratégia de lifelong learning, já que uma das regras para manter a credencial é, no mínimo, uma formação por ano de pelo menos 40 horas de educação continuada.

E o mercado tem exigido credencial. Segundo a ICF, 40% das pessoas que usam coaching esperam que seus coaches sejam certificados ou credenciados. Não é diferente quando a empresa contrata o serviço. “As cinco maiores consultorias exigem credencial do profissional de coaching”, conta Bonavito.

Não só as consultorias. Em recente edital, por exemplo, a Petrobras exigiu no mínimo a credencial PCC para a participação no processo. “É uma garantia para separar o joio do trigo”, avisa Baptista. Atualmente, no Brasil, a ICF tem quase 500 associados (no mundo são cerca de 55 mil) e 247 credenciados (entre os 48 mil credenciados em 143 países). Dos brasileiros, 80 têm credencial ACC (Associate Certified Coach), 153 PCC (Professional Certified Coach) e 14 MCC (Master Certified Coach).

Muitas outras empresas têm feito exigência por profissionais credenciados. E a tendência é crescer, conforme o mercado corporativo ganhe ainda mais maturidade quanto aos benefícios do coaching e haja a percepção de quanto é necessário que o coach contratado tenha experiência e habilidades específicas para desenvolver um trabalho que resulte em ganho de valor para a empresa.

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Autoria

Sandra Regina da Silva

Sandra Regina da Silva é colaboradora de HSM Management.

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