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Estratégias para gerenciar seus “botões quentes”

Você sente raiva, frustração ou outro tipo de contrariedade quando alguém age de certa maneira? Entenda suas emoções conhecendo as forças de caráter | Por Ryan Niemiec

30 de Abril

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Artigo Estratégias para gerenciar seus “botões quentes”

Todo mundo tem “botões quentes” das forças de caráter, ou seja, áreas sensíveis em que a utilização das forças de outra pessoa (frequentemente, superutilização ou subutilização) é percebida, e desencadeia desconforto ou frustração. Normalmente, isso decorre das crenças do observador sobre as próprias forças de caráter. É como se as forças da pessoa impactada tivessem sido questionadas. 

Botões quentes podem ser uma fonte de conflitos, colisão de forças, e/ou podem até mesmo explicar por que um problema está ocorrendo. Eis alguns exemplos reais de botões quentes das forças de caráter de alguns dos meus pacientes e ex-alunos:

•• Uma jovem com alta bondade e generosidade sente-se angustiada pela falta de participação em uma reunião da equipe.

•• Um homem com alta curiosidade sente-se frustrado pela aparente falta de interesse mútuo e falta de perguntas recíprocas.

•• Uma mulher com alta imparcialidade sente-se enraivecida pelo desprezo notório de um indivíduo em relação ao bem-estar de outros.

•• Um colega com alto trabalho em equipe sente-se frustrado pela falta de participação e contribuição de um dos membros da equipe, que deixa o restante fazer o trabalho.

•• Um jovem com alta honestidade sente-se ofendido pelas pessoas que dão desculpas, culpam, exageram e desviam-se da verdade, sem serem diretas, especialmente os políticos!

•• Uma subordinada com alta gratidão sente-se decepcionada quando não é reconhecida no trabalho por seu chefe, ao fazer um esforço adicional nos projetos de trabalho semana após semana.

Estratégias globais

Agora que você entendeu o que acontece, pode tentar assumir o controle dessas questões sensíveis com duas táticas:

1. Gestão retrospectiva. Você já reagiu, mas reconhece a realidade dos botões quentes – essa é uma questão essencialmente sua. Da próxima vez, quer agir melhor. Então, você deve fazer uma reflexão, com as seguintes perguntas: 

•• O que você fará diferente da próxima vez que estiver em uma situação semelhante?

•• Que força de caráter você pode utilizar para atenuar o modo como sentiu-se ofendido?

2. Gestão prospectiva. Esse tipo de providência refere-se a olhar para uma situação no futuro, em que você acredita que poderá ofender-se, e então tomar medidas preventivas. Talvez em breve você esteja em uma reunião com uma pessoa difícil, e terá de confrontar alguém ou realizar um projeto com uma pessoa preguiçosa. Para preparar-se para um funcionamento ótimo no calor do momento, considere essas perguntas:

•• Que resultado você busca com essa situação/interação? O que você espera que aconteça?

•• Como você pode adotar uma abordagem de compreender/aprender, em vez de mudar a visão do outro?

•• Que forças de caráter você precisará empregar? Como poderá desenvolvê-las?

•• Que forças de caráter você precisará utilizar para permanecer no relacionamento com a pessoa sem tentar mudá-la (por exemplo, utilizar o perdão em pequenas doses)?

•• Que forças de caráter você precisará deixar de lado (por exemplo, afrontas a sua força da imparcialidade), como um sacrifício, para a melhora do relacionamento?

•• A implantação planejada de uma força de caráter particular seria útil? De que força? Como você utilizará essa força na situação?

Estratégias específicas

1. Escuta plena e fala consciente. Ouvir o outro com atenção plena mantendo o completo foco no momento presente, e ouvir e observar em vez de julgar, analisar, ou deter-se na emoção pode transformar o momento. As interações envolvem uma coleção de momentos que podem ser transformados. Quando falamos, podemos praticar a fala consciente – do coração – que seja clara, direta, específica e empática.

2. Seja especialmente forte nos “primeiros três minutos”. O pesquisador de relacionamento de casais John Gottman chama os primeiros três minutos de uma discussão de período crítico para

se estabelecer conversas sobre conflitos, o que prediz resultados conjugais bem ou malsucedidos. Gottman sugere empregar um início brando em que haja uma abertura gentil para discussões sobre o conflito. Ele apresenta razões pelas quais esses minutos iniciais são cruciais para a conversa:

•• É sobre gerir as emoções potencialmente “quentes” e a fisiologia corporal alterada (autocontrole).

•• Ter tato ao iniciar a conversa (prudência).

•• Demonstrar um estado mental de abertura, em vez de constrito (curiosidade e discernimento/mente aberta).

•• Gerir a reatividade emocional (autocontrole e inteligência social).

3. Pratique a reavaliação focada na compaixão. Isso refere-se a uma prática específica e à maneira de perceber alguém que lhe ofendeu. Envolve enfatizar a humanidade complexa do ofensor e interpretar a ofensa como evidência de que ele precisa experimentar crescimento positivo ou transformação. Isso pode trazer benefício tanto físico quanto mental para a pessoa que foi ofendida.

4. Personalize a utilização das forças de caráter para gerenciar os botões quentes da situação. Aqui estão alguns exemplos de meus clientes ou alunos:

•• Lembro-me de uma cliente que tinha o perdão particularmente alto e ofendia-se pelos membros da família que não perdoavam e eram muito rancorosos. Ela tentou utilizar a bondade e o amor com eles (isto é, “mate-os com bondade”), mas isso não pareceu atenuar a falta de perdão. A inteligência social para agir apropriadamente e a prudência para ter cautela com as palavras e ações ajudaram a prevenir o conflito, mas não corrigiram o nó no

estômago em relação ao botão quente do perdão. Então, ela reconheceu isso e que poderia utilizar a própria força do perdão – a mesma força que estava causando seu sofrimento! Ela “perdoou” deliberadamente os membros de sua família por suas ações, ignorância e escolhas ruins. Embora muito disso tenha sido interno e não expresso de forma interpessoal, ela percebeu que tinha uma ferramenta que poderia utilizar cada vez que o botão quente fosse acionado.

•• Uma nova funcionária tinha seu botão quente da criatividade acionado regularmente no trabalho quando falava sobre um assunto interessante e alguém a interrompia ou mudava de assunto. Utilizou a humildade para voltar mais a atenção para outros e o perdão para deixar de lado qualquer arrependimento sobre isso. Ela acrescentou que, para restaurar um equilíbrio maior, suas forças da imparcialidade e bondade em relação aos outros também precisavam ser um pouco mais elevadas.

•• Um jovem teve um novo e empolgante insight e quis compartilhar com sua esposa enquanto ela via TV. Ela olhou para ele, mas não estava escutando. Ele deixou a sala chateado porque não recebeu a empatia ou o envolvimento que havia esperado. Ele pausou, procurou o botão quente e reconheceu que sua imparcialidade estava sendo ativada. Ele acrescentou ter descoberto que foi parcial com sua esposa, pois interrompeu seu fluxo e manteve expectativas sobre ela. Explicou que a força da perspectiva foi útil para ver a situação de sua esposa mais claramente e sua força do autocontrole o ajudou a gerir seus sentimentos e encontrar equilíbrio na situação.

A próxima vez

Quando você sentir o comportamento de um indivíduo como uma afronta pessoal e deliberada, lembre-se dos “botões quentes”. Veja se isso não se aplica a você e se essas estratégias de gerenciamento não podem ajudá-lo. O principal beneficiado será você mesmo. 

* Artigo baseado nos highlights do livro Intervenções com forças de caráter, de Ryan Niemiec (ed. Vida Integral).

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