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4 min de leitura

Covid-19: a necessária revolução digital da indústria automotiva

Transformadas pelos impactos recorrentes da pandemia, montadoras e concessionárias aceleram formatos de vendas digitais, principalmente no e-commerce

Bruno Campos

09 de Abril

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Artigo Covid-19: a necessária revolução digital da indústria automotiva

Apresentando exemplos, nas próximas colunas vou escrever sobre segmentos e empresas que se reinventaram e não apenas sobreviveram ao Covid-19. Antes de mais nada, não sou negacionista e reconheço que hoje vivemos a pior fase da pandemia no Brasil, com recordes diários de mortes. No entanto, isso não impediu empresários de reagir, do ponto de vista de estratégia e adaptação, a essa nova realidade. Quem dormiu no ponto, só pode esperar a vacinação em massa. Dito isso, gostaria de começar esta série com um segmento centenário e de suma importância no PIB brasileiro: o automotivo.

A covid-19 apenas evidenciou e tornou inevitável a transformação do modelo de negócio, trazendo o digital para o centro da estratégia de concessionárias e montadoras. O exposto foi facilitado por uma nova perspectiva de marketing que surgiu com a digitalização da jornada do consumidor de carros. O crescimento da eficiência do marketing digital passou não só a influenciar negócios online, mas também suas versões tradicionais no mundo real.

A importância de combinar fortes estratégias de marketing online e offline e, com ambos, fomentar negócios digitais, tradicionais ou um mix dos dois. Para as empresas, o efeito foi acompanhado por uma transformação no comportamento do consumidor. A internet trouxe novas possibilidades, principalmente ligadas à facilidade de comparação e pesquisa sobre produtos e serviços. O consumidor, antes dependente de informações de terceiros em lojas, showrooms ou call-centers, agora possui mais de uma ferramenta que viabilizam maior estudo prévio sobre um carro ou marca.

A primeira quarentena

Em março de 2020, o Brasil encarrou a inédita situação de ter que impor, pela primeira vez em sua história, uma quarentena e restrições de circulação na maioria das grandes cidades. O negócio de vendas de carros, 100% dependente das lojas físicas, tanto para venda de novos, quanto usados e serviços, ficou sem chão, e principalmente, sem vendas. As montadoras tiveram que correr para apresentar soluções às suas redes.

Até antes da pandemia eram tímidas as iniciativas das montadoras em marketing digital e vendas que não fossem focadas na geração de leads (formulários com oportunidades de vendas de clientes querendo saber mais sobre um carro) para concessionárias.

Embora o processo de melhoria, tanto de montadoras e concessionárias neste sentido, objetivava sempre levar o consumidor a agendar uma visita ou um test drive, com a covid-19 e o fechamento das lojas, as montadoras tiveram que acelerar outras opções. O Mercado Livre foi o primeiro a sair com algumas soluções que permitiam a reserva de carros pela plataforma com o pagamento de uma pequena entrada. BMW, Chevrolet, Volks e FCA foram algumas que testaram esta plataforma.

Inovação em meio à pandemia

No meio do furacão que passava pela saúde e política brasileira, as montadoras e concessionárias acharam espaço para inovar. Nesse sentido, o aplicativo WhatsApp foi decisivo para uma transformação do modelo de lead para o modelo de conversação. Todas as montadoras iniciaram processos e projetos usando o WhatsApp para facilitar o contato entre clientes e concessionárias.

Hoje as lojas têm na plataforma comprada pelo Facebook em 2014 um grande canal de vendas – e na pandemia foi o epicentro do contato entre vendedores e clientes para continuar vendendo carros. Dentre as iniciativas, e sem nepotismo, destaco o trabalho da Chevrolet em parceria com o WhatsApp e a startup mineira Take.

A montadora norte-americana criou no Brasil, e já exportou para Equador e Argentina, uma inteligência artificial que permite que qualquer cliente entre em contato com qualquer vendedor, de qualquer loja, em questão de minutos, além de responder qualquer dúvida sobre os produtos e serviços. Em breve será possível, inclusive, simular financiamento pelo WhatsApp.

A segunda onda

Renault, Nissan e VW lançaram plataformas de venda online, com possibilidade de pagamento de entrada, venda do seu usado e simulação de financiamento e, desde então, tem possibilidade de oferecer às suas redes opções de vendas mesmo mediante a um novo lockdown que iniciou em março de 2021.

FCA e GM já anunciaram que lançarão suas versões de e-commerce ainda em 2021. Parece que a chegada de um modelo de vendas digitais e de facilitação de contato entre consumidores e concessionárias está na pauta de todas as montadoras e será inevitável neste ano. A notícia é ótima para o setor, que vive preocupado há anos com a dispersão do consumidor, que não tem se mostrado mais empolgado em ir às lojas físicas e feirões aos fins de semana.

EM PLENA ATIVIDADE

Estamos em novo lockdown e novamente o setor automotivo hoje está mais preparado para isso. Embora o problema agora seja muito mais produto, devido a um blackout de matérias-primas, que causou o fechamento temporário de fábricas das principais montadoras no Brasil e no mundo, o setor parece estar pronto para a revolução digital. Quem diria que o centenário e incumbente setor automotivo estaria hoje no centro da transformação digital. Como diria o velho ditado: a necessidade faz o homem, e as empresas também.

Gostou do artigo? Confira o primeiro artigo dessa série escrita pelo Bruno Campos. Aproveite e saiba mais sobre transformação digital assinando gratuitamente nossas newsletters e escutando nossos podcastas na sua plataforma de streaming favorita.

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Autoria

Bruno Campos

Diretor de marketing digital e mídia da General Motors da América do Sul. Formado em publicidade e propaganda pela UFRJ e com um MBA em marketing pelo IAG-PUC-RJ, iniciou sua carreira na Infoglobo, foi trainee na C&A e teve sólidas passagens por empresas como Nike e ABInBev. Bruno é mestre em administração de empresas pela EAESP-FGV (MPA) e tem um canal no Youtube, o @MarketingFC, para falar de marketing, mídia e um pouco de futebol.

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