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Diversidade

5 min de leitura

As dimensões da diversidade

O aumento da consciência sobre as nuances de DEI ao longo do tempo foi se estruturando em diferentes dimensões, tratadas em novo livro

Colunista Neivia Justa

Neivia Justa

26 de Abril

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Artigo As dimensões da diversidade

No final de 1998, ouvi pela primeira vez o termo “biodiversidade brasileira”. Eu havia acabado de assumir a liderança da comunicação de produtos da Natura e entrei para o time multidisciplinar de desenvolvimento da linha Natura Ekos. Naquela época, eu ainda era solteira e o mundo não era digital nem global, muito menos conectado em rede. Mas foi ali que comecei meu processo de letramento em sustentabilidade e minha conscientização de que a vida é um encadeamento de relações. Tudo está relacionado: eu comigo mesma (corpo, mente e espírito), eu e as outras pessoas, eu e o planeta.

No começo de 2011, quase 13 anos depois, já casada há uma década e mãe de duas meninas de sete e cinco anos, assumi a liderança da área de comunicação da GE no Brasil e comecei a fazer parte do grupo global de afinidade de mulheres da empresa, o Women´s Network. Ele existia desde 1997 para compartilhar experiências, melhores práticas e o conhecimento de mulheres bem-sucedidas na GE, além de promover o talento feminino e definir políticas que gerassem a inclusão, equidade e diversidade na empresa.

Aquela era uma discussão inédita na minha vida profissional e, sendo bastante franca, ainda não fazia muito sentido para mim. Mas, como mulher líder, eu precisava dar o exemplo e me engajei no grupo, no melhor estilo “fake it until you make it”. Aos poucos fui entendendo o quanto precisávamos falar e agir para que a empresa fosse um reflexo da sociedade para a qual trabalhávamos. Tanto foi assim que, em 2013, fui uma das aliadas fundadoras do grupo LGBT na GE do Brasil.

Em 2014, no início da Copa do Mundo no Brasil, assumi a liderança da área de comunicação da Goodyear na América Latina e descobri, num misto de orgulho e estranhamento, que eu era a primeira mulher a fazer parte da diretoria regional da empresa em 99 anos. Eu estava tão acostumada a não ter e nem ver mulheres líderes CEOs, vice-presidentes, diretoras ou conselheiras que levei quase um ano para entender que “ser a primeira” a ocupar uma posição de poder, na segunda década do século 21, não era “normal”.

Esse entendimento aconteceu em maio de 2015, quando a Amcham me convidou para contar minha história em um fórum de liderança feminina e eu me dei conta de que, praticamente, não havia mulheres nas posições de alta liderança em nenhuma esfera, pública ou privada, da nossa sociedade. Foi nesse momento que olhei para minhas meninas e entendi que eu precisava fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para transformar essa realidade e deixar o mundo melhor, mais justo e igualitário para elas.

Nesses sete anos, muita coisa aconteceu. Para começar, recusei um convite para ir trabalhar em Akron, Ohio. Meu lugar é aqui, no meu país. Criei o movimento social digital #ondeestãoasmulheres, que questiona a falta de representatividade de mulheres nas esferas de poder e o #aquiestãoasmulheres, movimento de sororidade que evidencia e visibiliza nossa presença, pioneirismo e protagonismo em todos os cantos e áreas de conhecimento e atuação.

Entre 2016 e 2017, liderei a área de comunicação, relações públicas e sustentabilidade da J&J Consumo na América Latina, onde fui uma das líderes do grupo de mulheres e membro fundadora do comitê de inclusão e diversidade da empresa na América Latina. Sei o quanto minha indignação com a ausência da diversidade racial “corporativa”, em pleno ano de 2017, ajudou a incluir e acelerar essa pauta por lá.

De 2018 a 2021, tive o privilégio de atuar como consultora em vários projetos corporativos, que começavam com o diagnóstico de cultura, passando pela definição do papel de inclusão e diversidade na estratégia de cada empresa, a construção do plano de curto, médio e longo prazo, com seus pilares, metas e métricas, assim como a sensibilização, letramento e mentoria de líderes, e o treinamento das equipes. Também me tornei voluntária na Best Buddies, embaixadora da Plan International e da Inspiring Girls, mentora de mulheres no Ismart, IVG e no Comitê de Igualdade Racial do Grupo Mulheres do Brasil.

Hoje lidero a área de cultura, inclusão e diversidade na UHG Brasil, faço parte do comitê estratégico de Diversidade e Inclusão da Amcham, do grupo de líderes do Movimento pela Equidade Racial (Mover), da Coalizão Empresarial pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas e da Rede Empresarial pela Inclusão Social (Reis).

Nessa minha longa e intensa jornada, aprendi que o planeta é diverso e nós, pessoas, somos iguais na nossa humanidade e absolutamente singulares na nossa diversidade. Mas a inclusão é uma escolha individual que requer consciência, intenção e ação. Você sabe com quantas dimensões se constroem ambientes inclusivos e diversos?

Não se preocupe: somos todos aprendizes nessa jornada. Alguns com mais tempo de estrada, sem dúvida. Mas, se alguém disser que conhece e tem uma matriz que integra todas as dimensões, desconfie!

Foi pensando em ajudar as lideranças empresariais nas suas jornadas de inclusão e diversidade que o Luciano Amato ousou reunir em um livro inédito, recém-lançado, um time de 44 pessoas que, com muito propósito, consciência e coragem vem construindo esse novo mundo social e ambientalmente mais sustentável, que precisamos deixar para as futuras gerações.

Sou uma das coautoras do livro Diversidade e Inclusão e suas Dimensões, em que falamos sobre gênero, gerações, LGBTQIAP+, pessoas com deficiência, diversidade religiosa, corpos, raça e etnia, refugiados e migrações, egressos, inclusão social, ESG, além de temas conceituais, transversais e cases empresarias. Uma verdadeira enciclopédia que te convida a aprender uma nova, essencial e urgente forma de ser, estar e liderar no mundo.

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Autoria

Colunista Neivia Justa

Neivia Justa

Fundadora da #JustaCausa, do programa #lídercomneivia e dos movimentos #ondeestãoasmulheres e #aquiestãoasmulheres

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