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Gestão de pessoas

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A busca por uma gestão humanizada no RH

Em 2010, o filósofo Mário Sérgio Cortella apontou em entrevista questões que ainda são pertinentes no mundo do trabalho; assim, questionamos: avançamos ou estagnamos na gestão humanizada dentro das organizações?

Luís Gabatelli

19 de Outubro

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Artigo A busca por uma gestão humanizada no RH

Basta fazer uma rápida pesquisa nas redes sociais e em sites para verificar que a gestão humanizada de pessoas é um dos principais temas relacionados ao RH. Nesta HSM Management, por exemplo, a comunidade HR4T, formada por executivos de RH, reúne diversos artigos sobre o assunto, e o tratamento mais humano entre líderes, funcionários e demais stakeholders está presente nas linhas e entrelinhas das principais tendências e transformações do RH.

No entanto, se acrescentarmos um olhar mais crítico sobre o tema, iremos observar que a pauta da gestão humanizada de pessoas esteve presente em diversos momentos da história. Como a recorrência da questão ultrapassando fatos, contextos e empresas ao longo dos últimos anos, neste sentido, cabe a pergunta: as organizações e lideranças do RH avançaram ou estão estagnadas ao lidar com esse tipo de metodologia prática?

Um recorte histórico nos ajuda a compreender como esse tema, aparentemente atual, foi constantemente discutido no passado. Na edição 81 da HSM Management, o filósofo e escritor Mário Sérgio Cortella concedeu uma entrevista para Adriana Salles Gomes, diretora editorial da revista.

Uma das principais linhas da conversa foi sobre como a sociedade contemporânea está adoecida, e sobre como líderes empresariais têm a capacidade de ajudar e curar esse corpo enfermo. No rastro dos últimos fatos, não é preciso ser pessimista para apontarmos que o cenário não melhorou, colocando nessa conta a pandemia de covid-19 e suas consequências no mundo do trabalho.

Na entrevista, embora Cortella estivesse olhando para o contexto da época, o ano 2010, alguns de seus comentários atravessam o tempo e ecoam para o momento atual. Num trecho, ele afirma: “Hoje a angústia é mais comum, porque há uma brutal restrição de tempo de convivência por conta do tamanho das cidades, de como são as empresas e de uma tecnologia de conexão que inverteu a regra da coexistência: antes éramos todos perto e ninguém junto; agora somos todos juntos e ninguém perto, tanto nas empresas como na internet. Esta é uma sociedade que está adoentada e que precisa de tratamento. Além de cuidar só da ecologia exterior, tem de tratar a ecologia interior”.

Gestão que cura pessoas

Diante desse cenário de angústia que muitas vezes envolve a solidão e o distanciamento do home office, o excesso de trabalho e o burnout ou relações mecânicas, sem o calor humano, entre líderes e funcionários, e entre colaboradores em equipes, qual o papel da gestão do RH?

Na entrevista, Cortella é taxativo ao dizer que a cura dos diversos tipos de angústias corporativas nasce de um processo coletivo, reinventando modos de convivência a partir da ação do topo da cadeia de comando: “todas as pessoas que estão em posição de liderança, no campo da política e da ação empresarial, têm responsabilidade nisso. Não são medidas complexas; por exemplo, estimular que as equipes sejam comunidades, em vez de meros agrupamentos de pessoas, já faz diferença. As pessoas devem se sentir bem trabalhando”.

Segundo o filósofo, dentro das organizações, é preciso que haja movimentos voltados à vida, e não direcionados à morte. Em outras palavras, segundo Cortella, “não adianta evoluir, se a gente vai ‘evoluir para óbito’”, e complementa: “nossa vida é marcada pela pressa, não pela velocidade. Esta requer deixar as pessoas em estado de atenção permanente, enquanto pressa é deixá-las em estado de tensão permanente, como as empresas vêm fazendo. Há um prazo de validade para isso porque leva a um esgotamento grande demais das pessoas”.

Para ajudar a amenizar a angústia e promover a gestão humanizada de pessoas, em outro trecho da entrevista, que também merece destaque, o filósofo pensa uma problemática que desde 2010 até hoje foi acentuada com inúmeros processos de automação, crises econômicas e com o volume expressivo de demissões em massa: o valor do capital humano para as organizações.

“Parte das empresas é muito cínica em relação às pessoas. Até 2008, a frase que eu mais ouvia nas organizações era: ‘nosso maior patrimônio são as pessoas’. Aí, a crise estourou, e a primeira coisa que fizeram foi cortar pessoal, justamente o principal ativo! Em vez de lidar com economia de outros custos e com cortes eventuais de rendimentos dos acionistas, mexeram no ‘suposto’ patrimônio. Pior para elas, na verdade, porque o suposto é real. A dispensa em massa de pessoas levará a uma perda financeira imensa na qualificação de novos profissionais”. No final da entrevista, como bom filósofo, Cortella levantou a seguinte pergunta: “se sua empresa não existisse, que bem ela faria?”. Com toda vênia ao trabalho do filósofo, reformulamos a questão: se o seu RH não existisse, que falta ele faria na gestão humanizada dos colaboradores?

EVENTO com Cortella: para humanizar a gestão de pessoas

Olhando para boa parte dessas das questões levantadas neste artigo e outras problemáticas atuais e futuras do RH, a LG lugar de gente promove o evento online Conexão LG - Humanizar com tecnologia: uma nova perspectiva para a gestão de pessoas. O encontro virtual acontece no próximo dia 20 de outubro, com início às 9h. Para se inscrever e conferir a programação do encontro, basta acessar o site do evento.

Ao longo da programação, justamente o filósofo, professor e doutor em educação, Mário Sérgio Cortella participa do encontro junto com o diretor da HR Trend Institute – Amsterdã, Tom Haak, com o cofundador da HSM, José Salibi Neto e com a fundadora do Movimento Black Money, Nina Silva.

O evento conta ainda com a participação de Augusto Lins, presidente da Stone Pagamentos; Eduardo Farah, consultor e professor mindfuss; Felipe Azevedo, presidente da LG lugar de gente; Heverton Peixoto, presidente da Wiz; Marcello Porto, vice-presidente da LG lugar de gente; e Gabrielle Teco, CEO da Qura Editora e diretora-executiva da HSM Management.

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Autoria

Luís Gabatelli

Subeditor de digital para HSM Management e MIT Sloan Management Review Brasil.

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