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Entre as justificativas sobre a elevação no preço dos alimentos, setor produtivo precisa encontrar respostas sobre o futuro da alimentação no Brasil
Ulisses Ferreira de Oliveira
30 de Novembro
O aumento do preço dos alimentos nos últimos meses entrou mais uma vez na pauta cotidiana dos brasileiros. De modo habitual, o acréscimo na precificação trouxe a já conhecida polarização do setor, que justifica o aumento da maneira que melhor lhe convém.
Alguns dizem que a elevação de preço se deve ao aumento do poder de compra de uma população mais carente e que recebeu o auxílio emergencial. Sim, infelizmente esse argumento tem um fundo de verdade e revela como temos pessoas que ainda não possuem o mínimo para se alimentar.
Outros afirmam que as restrições impostas por prefeitos e governadores explicam o aumento, e que quem defende o isolamento agora não tem direito de reclamar sobre a alta do preço.
Sim, isso pode ter tido algum reflexo, mas acredito que muito pequeno, até porque o produtor de alimentos foi considerado atividade essencial, e com isso pôde se locomover, produzir, comprar e comercializar naturalmente, seguindo alguns cuidados básicos. A indústria de alimentos também não parou, apenas em casos de contaminação de Covid-19 dentro de estabelecimentos.
Por outro lado, um impacto significativo que podemos acompanhar é a forte demanda de países por produtos alimentícios, principalmente a China que está demandando produtos variados e ficou preocupada com o risco de desabastecimento. Vale acrescentar que a nação mais populosa da Ásia Oriental tem investido suas reservas em um grande estoque de alimentos.
Como a alta do dólar tornou o mercado internacional muito favorável aos produtores brasileiros, acredito que esta justificativa seja a mais plausível e, na prática, é a resposta que mais impacta no preço dos alimentos.
Com essa resposta em mente, chego ao ponto principal deste artigo. Mais do que me preocupar com o aumento do preço dos alimentos na atualidade, que tende a ser passageira, minha preocupação se estende para um futuro, sobre o desafio de ser a nação maior produtora de alimentos e que precisará ter um acréscimo de 40% na produção nos próximos 30 anos.
No momento que estamos vivendo, precisamos pensar e responder às seguintes questões: teremos condições de atender essa demanda e, ao mesmo tempo, garantir alimento para nossa população? Como fazer isso? Quais as oportunidades e desafios desse setor? Como empresas, governos e consumidores podem se preparar para esse futuro?
As perguntas são complexas e deveríamos fazê-las nos fóruns e encontros virtuais, discutindo o reflexo da pandemia e o que ela nos mostra sobre um futuro para o setor.
As questões apontadas acima trazem algumas observações interessantes, sendo que a principal é: queremos ser a nação que irá alimentar o mundo e continuar não alimentando uma parcela significativa da nossa população?
Além disso, sendo uma nação que tudo produz, compensa continuar privando grande parte da população de consumir alimentos de qualidade? Essas são reflexões para todos os setores econômicos, incluindo empresas, governos e a sociedade civil organizada.
Outro ponto é que cada vez mais a produção de commodities exportáveis será um atrativo para nossos produtores, então cabe às políticas públicas incentivar a produção de alimentos para o consumo interno. Aqui não se trata de discutir se devemos produzir um ou outro, e sim como podemos produzir os dois de forma sustentada.
Neste sentido, a agricultura urbana e o apoio de organizações da agricultura familiar serão, cada vez mais, oportunidades ricas de investimento.
Na outra ponta, o aumento da produtividade e o uso racional de nossos recursos são fundamentais para que possamos ter o ganho de produção necessário, sem impactar no meio ambiente.
Esse ganho só é possível com a melhoria da gestão e o uso de tecnologias no campo. Ainda temos uma imensidão de solo agrícola sendo mal utilizado, trazendo nossos índices de produtividade para baixo.
Outro aspecto importante para ser discutido é a falta de uma política nacional para o setor rural, uma política que seja maior que propostas de governo e que venha a ser conduzida independente das mudanças governamentais. Essa política é fundamental para qualquer país, tendo em vista que este é um tema estratégico para a nação, ou seja, a alimentação de seu povo.
O que a China faz neste momento é investir no abastecimento de sua população. O susto que tomaram com a Covid-19 e o risco da falta de alimentos obrigou alguns países a abandonar a estratégia just in time e fazer estoques mais seguros de alimentos.
Podemos ser um país que alimenta o mundo, mas precisaremos trabalhar muito para ser também aquele que garante à sua população o acesso a alimentos de qualidade, e uma população bem alimentada é um alicerce para uma sociedade desenvolvida.
Ulisses Ferreira de Oliveira
Técnico Agrícola e administrador, especialista em cafeicultura sustentável, trabalhou na Prefeitura Municipal de Poços de Caldas (MG) e foi coordenador do Movimento Poços de Caldas Cidade de Comércio Justo e Solidário. Ulisses é consultor de associações e cooperativas e certificações agrícolas.
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