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O trabalho, por muito tempo e para alguns, é considerado a parte chata da vida e um meio de sobrevivência. Mas esse modelo mental e o modus operandi de trabalhar deve ser mudado
Daniela Diniz
24 de Fevereiro
A última recente tentativa de Emmanuel Macron de aumentar a aposentadoria de 62 para 64 anos causou uma das maiores revoltas dos franceses nos últimos anos. No dia 11 de fevereiro, centenas de milhares de pessoas protestaram em todo o país, aumentando a pressão sobre o governo contra os planos da Reforma da Previdência. Um mês antes, a França já tinha assistido a uma marcha de mais de 1 milhão de pessoas em protestos pelas ruas. A promessa é de “parar” o país com greves, caso o governo não retire o projeto de lei.
Sem entrar no mérito das contas de Macron e da necessidade ou não de aumentar a idade da aposentadoria para atingir um equilíbrio financeiro, a questão que levanto é outra: em tempos de aumento da expectativa de vida e de combate ao etarismo nas organizações, por que os franceses temem tanto estender seus anos de trabalho? Porque trabalho e diversão não se conversam sob a ótica dos trabalhadores franceses e, portanto, o tempo da alegria, do lazer e do descanso só pode acontecer quando não houver mais ofício na sua vida.
Para muitos, a época da aposentadoria é aquela em que finalmente você vai poder fazer tudo que o trabalho o privou de fazer durante anos. Não à toa boa parte dos jovens franceses mal ingressam no mercado de trabalho e já estão sonhando com a aposentadoria – e planejando sua vida a favor dela. Eles vivem de “sextou” e happy hours e não conseguem enxergar realização no trabalho. Segundo a Fundação Jean-Jaurès, uma espécie de think tank francês, apenas 21% dos franceses dizem que o trabalho ocupa um lugar “muito importante” em suas vidas. Ora, se não é importante, se não é legal, se não traz um pingo de realização, é natural que eu passe os meus anos sonhando com um lugar onde a palavra trabalho não vai mais existir.
Eu não consigo olhar para esse número e esse cenário sem me entristecer. Entrevistei vários profissionais mais seniores ao longo da minha carreira que me disseram ter se arrependido de dividir suas vidas rigorosamente entre o pessoal e profissional durante o maior tempo de sua existência. Ao fazer isso, eles perceberam – tardiamente – o desequilíbrio que estavam vivendo. Afinal, passaram 40 anos cultivando a felicidade apenas nos finais de semana e nas brechas das férias, esperando o dia em que iriam reverter esse quadro. Só que este momento chegou aos 60 e poucos e ali perceberam que a maior parte da vida já tinha passado e que eles ficaram apenas esperando o melhor acontecer.
Durante anos aprendemos que trabalho era a parte chata da nossa vida, o mal necessário, o meio de sobrevivência. A própria etimologia da palavra (do latim tripalium) remete a um instrumento de tortura usado para castigar réus condenados e escravos na Antiguidade de quase toda a Idade Média. Embora muitos anos tenham se passado provocando muitas transformações na nossa relação com os diferentes ofícios, infelizmente o conceito do trabalho como algo torturante e penoso ainda prevalece em boa parte da população.
De um lado, porque o mundo do trabalho ainda é composto por muitas empresas que cultivam hábitos antigos, muitos deles atrelados a uma era industrial, que impunha normas e regras rígidas ao trabalhador e controlava suas atividades e até seu tempo livre. O comportamento da vida industrial é ainda tão presente nos dias atuais que muitos dos termos que usamos hoje para nos referir ao universo laboral remontam a esse período da história, como homem-hora, desligamento e funcionário padrão. Em 1795, por exemplo, a França era conhecida por ter mais de 700 sistemas de medição, ao menos um para cada profissão. Certamente muitas empresas por lá ainda usam algumas dessas formas para medir e controlar seus funcionários, reforçando a ideia de que trabalho é um lugar do qual quero me ver longe.
De outro lado, está o trabalhador e sua disposição em quebrar essa lógica milenar de que trabalho é algo do mal. Para isso, é preciso uma boa dose de autoconhecimento para entender o que realmente faz brilhar seus olhos e pulsar seu coração, uma leitura crítica do ambiente de trabalho e de suas oportunidades, um interesse genuíno em aprender e reaprender e um desejo permanente de responder à sua vocação, entendo o quanto sua parte no todo impacta a sociedade.
Os dois lados – organizações e profissionais – precisam mudar o seu modelo mental e seu modus operandi de trabalhar. Porque a vida acontece todos os dias e não apenas no além da aposentadoria.
Daniela Diniz
Jornalista, com MBA em Recursos Humanos, acumula mais de 20 anos de experiência profissional. Trabalhou na Editora Abril por 15 anos, nas revistas Exame, Você S/A e Você RH. Ingressou no Great Place to Work em 2016 e, desde Janeiro de 2023 faz parte do Ecossistema Great People, parceiro do GPTW no Brasil, como diretora de Conteúdo e Relações Institucionais. Faz palestras em todo o País, traçando análises históricas e tendências sobre a evolução nas relações de trabalho e seu impacto na gestão de pessoas. Autora dos livros: Grandes líderes de lessoas, 25 anos de história da gestão de pessoas e Negócios nas melhores empresas para trabalhar, já visitou mais de 200 empresas analisando ambientes de trabalho.
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