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Gestão de pessoas
20 Junho | 2024
Por que o propósito é uma chave para a economia digital
11 min de leitura
Reportagem
9 min de leitura
Dado o papel central que o trabalho tem para as pessoas como componente de identidade e significado para a vida, o estudo "Topografias de trabalho", realizado por Chie Integrates e HSM Management, com a plataforma Shifting Horizons, visa investigar o impacto potencial que futuros arranjos e formatos de vida e trabalho
Estudo Chie/HSM Management
30 de Junho
Quais são os padrões e sinais que os profissionais de organizações brasileiras estão emitindo sobre o que o trabalho significará para eles no futuro?
Uma pesquisa pioneira com 1.215 respondentes de diversos perfis demográficos no Brasil, realizada por Chie Integrates e HSM Management, buscou endereçar essa pergunta, correlacionando as respostas dos entrevistados com seus estágios de maturidade cognitiva, estágios de “lógicas de ação”, que podem ser cinco: diplomat (estágio anterior), expert, achiever (estágios intermediários, convencionais), redefining e transforming (estágios maduros, pós-convencionais).
Os principais achados da pesquisa são listados e detalhados a seguir:
A seguir, detalhamos os comportamentos do futuro narrados.
As lógicas de ação dos atuais e futuros profissionais brasileiros das empresas
A proximidade entre os pontos nas representações gráficas abaixo corresponde às similaridades de significado entre as narrativas sobre o trabalho no futuro, enquanto a cor indica correspondência com um dos cinco estágios de lógica de ação citados na pesquisa. Foi utilizada a nomenclatura em inglês para os estágios de lógica de ação, pois a tradução em português poderia gerar conotações equivocadas do que cada estágio significa.
Ainda prevalente hoje, o formato tradicional de relação de trabalho, que consiste em servir a uma organização específica em tempo integral, apareceu em apenas 18% das narrativas. A maioria se vê em um formato híbrido ou part-time jobs. O tempo dedicado ao trabalho mostrou ser o aspecto que a maioria das pessoas identifica como a mudança mais marcante que deverá ocorrer no trabalho no futuro em relação ao trabalho dos dias atuais.
O estímulo por trás da maioria das narrativas é, em 41% dos casos, um propósito. No entanto, o propósito muitas vezes está relacionado apenas com o sucesso e o desenvolvimento individuais, e não, por exemplo, com a geração de impactos socioambientais de interesse coletivo.
Predominaram na amostra profissionais nos estágios convencionais de lógicas de ação, especialmente no estágio achiever (52,8%). Isso era esperado, devido ao predomínio de jovens entre os respondentes.
Mas, seja entre achievers, seja entre representante de outros tipos de lógica de ação, verificamos uma correlação clara entre o nível de maturidade das pessoas e o significado que estas conferem ao trabalho no futuro. Veja o que disseram…
Saiba mais sobre as lógicas de ação
Diplomats. Servem ao grupo, buscando agradar aos colegas de status mais alto e evitar conflitos. Querem ter o controle sobre o próprio comportamento mais que sobre pessoas e eventos externos. Creem que mais influência vem de cooperar com as normas do grupo e desempenhar bem.
Experts. Tentam exercer o controle aperfeiçoando seu conhecimento, tanto na vida profissional quanto pessoal. Seguros de sua experiência, apresentam dados concretos e lógica nos esforços para obter adesão a suas propostas.
Achievers. Têm uma compreensão mais complexa e integrada do mundo do que as lógicas de ação anteriores. Estão abertos a feedback e percebem que muitas das ambiguidades e conflitos da vida se devem a diferenças de interpretação e de formas de relacionamento. Sabem que resolver conflitos requer capacidade de influenciar os outros de modo positivo. E podem equilibrar objetivos imediatos e de longo prazo.
Redefinings. Colocam personalidades e formas de relacionamento em perspectiva e se comunicam bem com pessoas que têm outras lógicas de ação. O que os diferencia dos achievers é a consciência de um possível conflito entre seus princípios e suas ações, ou entre os valores do grupo e a implementação desses valores. Esse conflito se torna fonte de tensão, criatividade e um desejo crescente de desenvolvimento adicional.
Transformings. São indivíduos hábeis em criar visões compartilhadas entre diferentes lógicas de ação – ou seja, entre diferentes visões que incentivam transformações pessoais e organizacionais. De acordo com essa lógica de ação, a mudança organizacional e social é um processo de desenvolvimento iterativo que requer conscientização e atenção especial da liderança. Lidam melhor com conflitos e com a resistência instintiva das pessoas à mudança; em resultado, são agentes de mudança altamente eficazes.
Esses resultados nos suscitam uma especial preocupação em como os jovens projetam o trabalho no futuro com base nos referenciais das gerações anteriores (de um trabalho formal para um empregador, baseado em um propósito dedicado ao sucesso e mérito individual, a despeito do impacto socioambiental de sua participação como profissional), desconsiderando as enormes transformações que estão ocorrendo nos formatos e relações profissionais.
Saiba mais sobre o estudo
Nos meses de abril e maio de 2023, foram investigadas as visões sobre o trabalho no futuro com 1.215 profissionais de empresas de todo o Brasil, em geral bem jovem (64% de até 21 anos) e feminino (62%), e essas visões foram comparadas com seu grau de maturidade cognitiva. Os respondentes da pesquisa percorreram três etapas: primeiro responderam ao questionário na plataforma Shifting Horizons, que, baseado em teorias de desenvolvimento de adultos, identificava o estágio de lógica de ação no qual cada um deles se encontra no momento – lógicas de ação descrevem como cada indivíduo entende e responde a seu contexto. Depois, eles foram convidados a escrever uma narrativa sobre seu trabalho daqui a cinco anos. E, finalmente, classificaram suas narrativas a partir de um conjunto de significadores. Para essas duas últimas etapas, foi utilizada a ferramenta de sondagem Sensemaker.
A pesquisa precisa continuar, mas já nos instiga a perseguir respostas para as seguintes indagações:
Este talvez seja o melhor modo de ampliar a discussão sobre o futuro de trabalho nas empresas e na sociedade, e de possibilitar que arranjos realmente novos, e melhores, sejam criados.
Artigo publicado na HSM Management nº 157.
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