fb-embed

Dossiê HSM

7 min de leitura

O efeito transformador da inteligência artificial nos negócios

A área de marketing já descobriu que a IA reduz o custo de aquisição de cliente (CAC) e aumenta a taxa de conversão, ao permitir que mais seja feito com menos e de uma forma melhor. É hora de entender o potencial da inteligência artificial de revolucionar a gestão e saber utilizar isso

Colunista Alexandre Nascimento

Alexandre Nascimento

24 de Agosto

Compartilhar:
Artigo O efeito transformador da inteligência artificial nos negócios

Mudanças de paradigma, por definição, transformam a maneira como vivemos, nos relacionamos e trabalhamos. Um exemplo disso é como o mundo funcionava antes da internet. Nosso trabalho passou a ser mediado por computadores conectados e diversas ferramentas colaborativas online. Nossas relações passaram a usar cada vez mais aplicativos de mensagens e redes sociais. Hoje em dia, namoros e casamentos começam menos com conhecidos da faculdade ou do trabalho e mais com desconhecidos no celular: de acordo com uma pesquisa encomendada pela joalheria Shane, 67% dos americanos conheceram a pessoa com quem estão se relacionando por meio de aplicativos como o Tinder. As empresas passaram a oferecer pelo menos uma parte de seus serviços online, e, com o surgimento de vários modelos de negócios, uma parcela da economia migrou para o mundo digital. Governos se adaptaram e passaram a oferecer serviços como atendimento online e documentos digitais. Agora, vivemos uma nova mudança de paradigma com os avanços da inteligência artificial. Mas tudo indica que o grau de transformação seja algo numa magnitude e escopo sem precedentes, como acredita Klaus Schwab, fundador do World Economic Forum, porque a mudança ocorre ao mesmo tempo em várias frentes tecnológicas. A incorporação de soluções baseadas em IA torna obsoleta a forma como trabalhamos, nos relacionamos, fazemos negócios, organizamos as instituições e a sociedade, bem como as regras e leis que regem tudo isso.

A IA impacta duas dimensões cruciais para o sucesso e a longevidade das empresas: eficiência e eficácia. O uso sistemático da IA pelos gestores nas diferentes áreas das empresas, como marketing, produção, logística e recursos humanos, aumenta a eficiência e a eficácia de cada área. Por essa razão, estima-se que a IA adicionará à economia mundial, até 2030, algo em torno de US$ 16 trilhões.

Um montante dessa magnitude tem razão de ser. De forma simplificada, e nas primeiras fases de maturidade de uso, as diferentes ferramentas e áreas da IA viabilizam tanto a automação inteligente de tarefas e os processos como identificam e indicam padrões e tendências nos dados, correlacionando acontecimentos que, aos olhos humanos, pareceriam isolados. Dessa forma, os gestores estão munidos de mais, e melhores, informações. Consequentemente, eles conseguem fazer mais com menos, aumentando a eficiência e a eficácia.

Como a IA ajuda áreas específicas de uma empresa

Ao permitir que as empresas aumentem consideravelmente suas capacidades operacionais, a IA cria um efeito de crescimento exponencial nos negócios. Por esse motivo, a grande maioria das organizações líderes de seus mercados está investindo em IA, de acordo com pesquisa feita em 2022 pela consultoria NewVantage Partners. Todas estão de olho em melhorias para áreas específicas de seus negócios. Confira alguns exemplos de como a tecnologia poderá impactá-las.

RH. A IA pode automatizar processos de recrutamento e triagem de candidatos, tornando-os mais eficientes e precisos. Além disso, ela melhora a experiência do funcionário ao fornecer chatbots e assistentes virtuais que ficam disponíveis o tempo inteiro para lidar com dúvidas e solicitações. A análise de dados possibilita um processo de avaliação de colaboradores e uma tomada de decisões mais embasada em relação ao real desenvolvimento deles, com a identificação de necessidades de treinamento, por exemplo. Assim, a gestão do desempenho é aprimorada. Consequentemente, os profissionais de RH podem dedicar mais tempo a atividades estratégicas e alinhadas com os objetivos da empresa.

Marketing. A IA aumenta a precisão da segmentação e personalização do público-alvo, permitindo a oferta de conteúdo e promoções personalizadas. Ela permite que as empresas entendam melhor o comportamento do cliente, identifiquem tendências de mercado e otimizem estratégias. Além disso, melhora a experiência do cliente por meio de assistentes virtuais que fornecem respostas rápidas e precisas, bem como recomendações personalizadas de produtos e serviços. Consequentemente, a IA reduz o custo de aquisição de cliente (CAC) e aumenta a taxa de conversão. Assim, é possível, por exemplo, uma empresa reduzir o investimento em propaganda e aumentar resultados, enquanto libera tempo dos profissionais de marketing para que se concentrem em tarefas mais estratégicas. Mas, por outro lado, uma pesquisa recente apontou que apenas 13% dos profissionais da área se sentem muito confiantes com seu nível de conhecimento em IA.

Vendas. O uso da IA tem ajudado vendedores a priorizar leads com maior probabilidade de conversão, otimizando o tempo e os esforços. A análise de dados impulsionada pela IA possibilita uma visão completa das métricas de vendas, permitindo que a gestão tome decisões mais embasadas e identifique oportunidades de crescimento. Assim, as empresas que usam IA em vendas estão aumentando seus resultados sem o crescimento do time de vendas e, ainda, liberam mais tempo dos vendedores para que eles se aprimorem ou invistam em relacionamento com os clientes. Estudos apontam que empresas que utilizam a IA no suporte às vendas tiveram crescimento de mais de 50% em seus leads. Além disso, estima-se que os negócios possam economizar quase US$ 90 bilhões por ano se os times de vendas usarem IA para automatizar as atividades operacionais que hoje chegam a ocupar em torno de 70% do tempo, como coletar dados sobre clientes e gerar propostas.

A utilização de IA em vendas permite ainda uma previsão de demanda mais precisa, que é fundamental para maior eficácia das áreas de produção, operações e logística. Na produção, as empresas podem implementar a automação inteligente, permitindo a operação contínua de maquinário e linhas de produção. A IA também otimiza o gerenciamento de estoque e cadeia de fornecimento, prevendo demandas com informações em tempo real para minimizar gargalos e interrupções na produção. Algoritmos de aprendizado de máquina podem monitorar e analisar dados de sensores e equipamentos, detectar anomalias e prevenir falhas.

Operações e logística. Por meio da IA, as empresas podem otimizar o planejamento e o agendamento de rotas. Com a previsão da demanda, uma melhor gestão de estoque aumenta a rotatividade e reduz desperdícios. A IA também possibilita a automação de tarefas operacionais, como monitoramento de equipamentos e processos usados no transporte. Com a análise de dados em tempo real, ela identifica gargalos e ineficiências na cadeia de fornecimento, permitindo ajustes imediatos.

Financeiro. A IA permite que tarefas financeiras repetitivas sejam automatizadas, como reconciliação de contas, processamento de faturas e elaboração de relatórios. A análise de dados impulsionada pela IA possibilita uma visão mais completa e detalhada das finanças da empresa, identificando padrões, tendências e riscos que podem não ser aparentes para os analistas humanos. A tecnologia também pode prever tendências econômicas e comportamentos do mercado. Além disso, ela é amplamente usada na detecção de fraudes, analisando dados financeiros em tempo real para identificar atividades suspeitas. A automação e a análise inteligente de dados também melhoram a experiência do cliente na área financeira, com assistentes virtuais fornecendo respostas rápidas a perguntas comuns em tempo real.

Tecnologia da Informação. Tarefas repetitivas de TI, como provisionamento de servidores e configuração de redes, podem ser automatizadas, liberando a equipe para se concentrar em projetos mais estratégicos. A análise de dados por meio da IA é útil para identificar problemas antes que causem interrupções nos serviços. A tecnologia também pode ser aplicada à segurança cibernética e, mais uma vez, ao atendimento do suporte técnico, por meio de assistentes virtuais. A IA otimiza o uso de recursos de TI, como capacidade de armazenamento e largura de banda e, ao ser integrada com as práticas de desenvolvimento de software, agiliza o processo de programação e testes, por meio de IA generativa para geração e verificação de código.

Em suma, a IA traz uma nova forma de se trabalhar em colaboração com os humanos para todas as áreas de uma empresa. Além de permitir melhores decisões e o uso mais eficiente dos recursos, ela tem o potencial de automatizar as atividades que ocupam até 70% do tempo dos funcionários, de acordo com um estudo recente da consultoria McKinsey. Portanto, é fundamental que os executivos de todas as indústrias e tamanhos de negócios desenhem imediatamente um plano de ação para utilizar IA em suas atividades – e passem a executar esse plano o quanto antes.

Leia também: Pessoas, o desafio nº 1 da tecnologia

Artigo publicado na HSM Management nº 158.

Compartilhar:

Colunista

Colunista Alexandre Nascimento

Alexandre Nascimento

Alexandre Nascimento

Alexandre Nascimento é um engenheiro empreendedor e professor da Singularity University, apaixonado por inovação desde a infância. Dedica-se à pesquisa científica aplicada e ao desenvolvimento de novos produtos. Tem passagem por prestigiadas universidades e empresas no Brasil, Ásia, Europa e EUA, com dezenas de publicações e patentes.

Artigos relacionados

Imagem de capa Chief of staff, o quinto elementoAssinante

Dossiê HSM

24 Agosto | 2023

Chief of staff, o quinto elemento

O papel de promover o hábito do aprendizado contínuo e gerar abertura a mudanças tem um dono nas empresas mais tecnológicas: o chief of staff (CoS). Mais de 40% das principais empresas globais já têm um CoS na equipe de liderança. Essa taxa segue aumentando à medida que as organizações percebem o valor estratégico do cargo

Suzyanne Oliveira
Imagem de capa Empresas tech inovam de modos diferentesAssinante

Dossiê HSM

24 Agosto | 2023

Empresas tech inovam de modos diferentes

A área de pesquisa e desenvolvimento tradicional é um silo. Isola-se de prioridades corporativas e novidades do mercado, e não tem a mesma velocidade dos negócios. Isso está mudando, sobretudo nas organizações que se posicionam como tecnológicas

Sandra Regina da Silva e Ariadne Gatolini
Imagem de capa Toda gestão deve ser para empresas de tecnologiaAssinante

Dossiê HSM

24 Agosto | 2023

Toda gestão deve ser para empresas de tecnologia

O Dossiê da 158ª edição da HSM Management tem como tema principal que toda empresa é uma empresa de tecnologia, assim como todo profissional

Redação HSM Management
Imagem de capa Dados: a arte de interrogá-losAssinante

Dossiê HSM

24 Agosto | 2023

Dados: a arte de interrogá-los

Existem as pessoas que tomam decisões baseadas unicamente em dados e aquelas que equilibram dados com experiência e intuição. Como? Fazendo as perguntas certas. Conheça a abordagem “intuição quantitativa” (QI, na sigla em inglês), criada em Stanford. Ela contém três passos para tomar decisões melhores.

Christopher Frank, Paul Magnone e Oded Netzer
Imagem de capa O avanço silencioso da impressão 3DAssinante

Dossiê HSM

24 Agosto | 2023

O avanço silencioso da impressão 3D

De objetos decorativos a próteses ósseas, a impressora 3D já é realidade. E cada vez mais indústrias estão adotando a chamada manufatura aditiva. Conheça os novos casos mais emblemáticos em andamento no Brasil

Ricardo Cavallini