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Desafios atuais de líderes apegados ao passado

Num cenário diverso, plural e incerto, não cabe aos líderes sustentar uma posição fechada que ressalta o mantra “sempre conduzi assim”

Colunista Fred Alecrim

Fred Alecrim

06 de Setembro

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Artigo Desafios atuais de líderes apegados ao passado

Gosto de dizer que o que mais delimita o crescimento de um negócio é a sua liderança. Isso tem um porquê: a empresa é tão boa quanto o seu time, e o time é tão bom quanto a sua liderança. Algumas pessoas têm o entendimento de que a empresa cresce e, então, todo mundo é puxado. Isso é um equívoco. Quando a liderança cresce, puxa todo mundo com ela. Claro que o contrário também vale: se os líderes não evoluem, a empresa para.

Quis trazer esse pensamento para dar a medida do quanto é importante rever o papel do líder daqui para o futuro mais próximo.

A essa altura, já digerimos o fato de que “nada será como antes”, como diz a velha canção de Milton Nascimento. De certa forma, a pandemia nos ensinou a lidar com transformação e o sentido de urgência. A inquietude da geração Z reforça esse desafio, aliás.

Você já deve ter ouvido em algum momento a expressão “show, don’t tell”, ou seja, “não quero ouvir você falar sobre o que acredita, quero ver você mostrar o que faz”. Vamos supor que a sua empresa assume um discurso pela equidade de gênero, mas a maioria dos colaboradores é masculina; ou, discursa a favor da diversidade e forma equipes homogêneas.

A geração Z não se contenta com o marketing vazio. Ela busca um sentido maior para o que faz, quer trabalhar em empresas que pensam além do lucro. Não aceita mais a situação de comando e controle, quer ter autonomia e novas propostas no trabalho.

Esse tipo de posicionamento representa uma virada de chave que vai depender da evolução da consciência da liderança, ou ela ficará presa a modelos que hoje já não funcionam, e estão sendo questionados. Isso dá trabalho e envolve dedicação, educação, treinamento e, em alguma medida, desconstrução.

Líderes estagnados

Você conhece a frase que diz: “não deixe a nostalgia te impedir de seguir em frente”? A gente costuma ser tão apegado ao passado e ao que construiu que pode acabar ficando para trás. Isso vale para a empresa como um todo e para o líder de RH, que muitas vezes pensa: “foi sempre assim que conduzi a minha equipe, não vou mudar nem trazer diversidade”.

Para não ficar só no discurso, e citar um exemplo mais próximo da minha realidade, na empresa que trabalho, quase 40% do time são mulheres. Isso faz com que precisemos conversar constantemente com o time masculino, para que o nosso viés sempre esteja mudando e não tenhamos aquele olhar masculino tão arraigado. Acredito fortemente na ideia da mentoria que cria questionamento e tira o sujeito da zona de conforto. Sempre que necessário, o líder é homem escolhe uma mentora mulher para dar um choque de realidade. Só assim, esse líder conseguirá evoluir, evitando comportamentos machistas, por exemplo.

Essa tomada de consciência torna mais possível a construção de um ambiente acolhedor, menos tóxico e mais estimulante, que gere sentimento de pertencimento.

Se a liderança conseguir fazer as pessoas se sentirem seguras e confortáveis para falar e tomar iniciativas, pode se olhar no espelho e reconhecer um trabalho de valor.

Adeus ao apego

O grande desafio será construir uma cultura em que as pessoas trabalhem não apenas pelo salário, mas também para evoluir e sair dali melhores do que entraram. E que a empresa beba da fonte de cada colaborador, de modo que o negócio não fique parado no tempo e evolua a partir das pessoas que lá estão.

Daí a importância de praticar o desapego ao passado, que impede de trabalhar no presente para construir o futuro. Deixar o olhar diferente se somar ao seu para criar um olhar mais completo e empático sobre os problemas. É isso que o mundo sobrevive à pandemia mais precisa.

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Autoria

Colunista Fred Alecrim

Fred Alecrim

Fred Alecrim é diretor de recursos humanos (CHRO) e cofundador da Credere, startup de compra e venda financiada de veículos

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