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Desenvolvimento pessoal

4 min de leitura

Depois da tempestade, não me inventa calmaria!

Colunista Marcelo Nóbrega

Marcelo Nóbrega

17 de Fevereiro

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Artigo Depois da tempestade, não me inventa calmaria!

Dei uma pivotada no ditado popular para provocar você, sim (aliás, gosto muito). Sei que a frase original tem aquela pegada da jornada do herói, do tipo ‘força, amigo, vamos lá, segue firme porque a calmaria logo vai dar as caras’. 

Comigo, nem tente.  

Se você me disser que, ali na frente, o que me espera é mar manso, muito provavelmente depois da primeira hora vou é estar estressado. Curto voos com um pouquinho de turbulência, sacou?

Tenho pouca afinidade com a ideia clássica de sossego. Na minha receita de tranquilidade, tem caos, por mais esquisito que isso possa parecer. E preciso te contar que, inclusive, a perspectiva de entrar em “modo avião” foi uma das maiores fontes de ansiedade nos primeiros meses sabaticando.

Sempre tive muitos planos. Nenhum deles contemplava passar o dia de pijama ou carimbando o passaporte apenas a lazer. Se isso se der em meio à desordem e aprendizado, tudo bem, a gente encaixa. Quando eu me peguei dizendo: “Parem o mundo corporativo que eu quero descer!”, havia chegado a um ponto em que precisava recanalizar toda a minha energia, só que de forma diferente. Para começar, com mais espaço para experimentar. Aliás, com muito mais. 

Eu tinha tantos planos represados, que meus primeiros dias (ou meses...) de sabático me encontraram pulando da cama no mesmo horário de antes. Seis da matina. A agenda? Ainda mais carregada do que a anterior. Eu sentia uma alegria bem genuína, feito criança em dia de Cosme e Damião – cariocas entenderão -  e uma sede de aprender e de ensinar, uma pressa de aproveitar cada minuto da nova fase. Como esperar algo diferente de quem, 30 anos depois da primeira carteira assinada, finalmente se apropriava dos seus dias!

É lógico que, na largada, inventei até uma reforma em casa, que é para ter certeza de que o caos estaria instalado. Nenhuma surpresa para os mais próximos: Marcelo sendo Marcelo, dizem.

De resto, me abri às experimentações. Fui fazer imersão em startups, uma área que me fascina há anos e me levou até a ser investidor-anjo. Virei estagiário, acreditam? Qualquer semelhança com De Niro naquele filme é só pra fazer graça com a coincidência... Mas, olha que interessante, nas startups que me receberam – Pin People e 7 Waves – logicamente a galera tem metade da minha idade (na verdade, um terço). Todos bem formados academicamente, com solidez de argumentação, com vontade de fazer, sede de aprendizado e disposição para fazer rodar, testar e testar. Meu background de Ciência da Computação surpreendeu como sempre. E foi match total. 

Eu lembrei agora do Bret Waters, empreendedor serial que tivemos a satisfação de receber em uma das missões HyperXP, em São Paulo, no ano passado. Ele disse que as pessoas falam muito dos segredos do Vale do Silício, teorizam e coisa e tal. Atribuem o sucesso à junção no mesmo ecossistema de universidades, empreendedores, capitalistas, empresas dispostas a tomar o risco de trabalhar com startups... Pouca gente, no entanto, fala de um ponto importante: lá, existe a cultura de o empresário bem-sucedido “dar de volta” para o sistema de empreendedorismo. 

Grosso modo, a diferença é mais ou menos assim: o cara de NY empreende, abre capital na bolsa, fica rico, vende a empresa e vai viajar o mundo – não sem antes comprar iate e avião.  O empreendedor do ecossistema da Califórnia ganha dinheiro e usa parte dele para ajudar outros empreendedores. É a cultura do give back. Eu acho genial. Sabaticar tem me permitido movimentos nessa direção. Faltou ficar rico...

Quer saber o mais legal? 

Descobrir que essa cultura de querer encorajar, incentivar e apoiar o sucesso de quem está começando não é muito diferente do que vivi nos últimos anos. Só que agora sem contracheque. O RH tem esse papel de consultor, de coach, de mentor de jovens, de pares e de superiores hierárquicos, inclusive. A gente é muito procurado para conversar sobre carreira e para melhorar relacionamento com chefes, equipe e colegas em geral. 

Quando me dei conta que meu sabático era movido ao meu interesse por gente, fez-se a mágica. Eu desacelerei. Sério. Perguntem pra Dani! Não foi uma mudança radical de caminho que fiz, como pode parecer à primeira vista. Foi querer experimentar trilhar esse caminho por rotas alternativas. E tudo indo na santa paz-caótica, até que... o quê? Os headhunters resolvem me procurar...

E agora?

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Colunista Marcelo Nóbrega

Marcelo Nóbrega

Marcelo Nóbrega é especialista em Inovação e Tecnologia em Gestão de Pessoas. Após 30 anos no mundo corporativo, hoje atua como investidor-anjo, conselheiro e mentor de HR Techs. Executivo com experiência em empresas dos setores financeiro, de petróleo e gás, bens de consumo, serviço de transporte aéreo e alimentício. É especialista em coaching de executivos, gestão da mudança e desenvolvimento organizacional e de lideranças. Suas experiências profissionais incluem projetos de transformação de estratégia e cultura corporativa em empresas nacionais e multinacionais, tanto no Brasil, como na América Latina e nos EUA, no contexto de aquisições, fusões e spin-offs. É professor do Mestrado Profissional da FGV-SP e ministra cursos de pós-graduação nesta e em outras instituições sobre liderança, planejamento estratégico de RH, People Analytics e AI em Gestão de Pessoas. Entre outros reconhecimentos pela sua atuação como executivo, foi eleito o profissional de RH mais influente da América Latina e Top Voice do LinkedIn em 2018. É autor do livro “Você está Contratado!” e host do webcast do mesmo nome. É Mestre em Ciência da Computação pela Columbia University e PhD pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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