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Empreendedorismo

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Amplie o olhar da inovação pelos números: o que há além do eixo Sul/Sudeste?

Colunista Amure Pinho

Amure Pinho

16 de Março

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Artigo Amplie o olhar da inovação pelos números: o que há além do eixo Sul/Sudeste?

Cerca de US$1,9 bilhão em 455 rodadas! Esses são os dados de investimentos captados pelo ecossistema de startups no ano de 2023, de acordo com a plataforma Distrito. Esse número corresponde a 61,2% do total de valores investidos em toda a América Latina, corroborando o papel de líder no Brasil nesse segmento.

O Relatório Anual do Distrito indica também que mesmo sendo bons índices, ainda estão abaixo dos que foram conquistados em 2022, quando o ecossistema de inovação nacional promoveu 931 investimentos e negociações. Uma queda no volume efetivamente investido também foi apontada no mesmo estudo, tendo uma redução de 56,8% de 2022 para 2023.

Essas informações só confirmam o que vimos acontecer de maneira intensa em 2023, quando o número de layoffs nas startups foi grande e vimos, literalmente, algumas ‘torneiras de verbas’ sendo fechadas. Já comentei esse movimento em outras ocasiões e apenas demonstra que o ecossistema precisava passar por uma fase de maturidade, apostando em equipes mais profissionais e negócios sustentáveis e saudáveis.

No entanto, o cenário de 2024 promete ser mais positivo no quesito investimentos e principalmente para quem consegue ampliar seu olhar e ir além do famoso eixo Sudeste/Sul, que concentram 3509 e 2209 startups, respectivamente, segundo dados do Startups Report Brasil 2022/2023, elaborado pelo Observatório do Sebrae Startups.

Se você, investidor, for capaz de ir além, conseguirá notar que a região Nordeste já alcançou o número de 1250 iniciativas inovadoras para o ecossistema nacional, seguida pela região Norte, com 424, e Centro-Oeste, com 385, ainda de acordo com o Startups Report Brasil 2022/2023.

O Nordeste do Brasil, por exemplo, é uma fonte inesgotável de criatividade e resiliência. Cidades como Recife e Salvador emergiram como centros de startups, impulsionadas por talentos locais e um espírito empreendedor único. A região abriga iniciativas que vão desde soluções tecnológicas para desafios regionais até projetos culturais que celebram a rica diversidade da área.

Recife, por exemplo, tem o Porto Digital, um dos maiores parques tecnológicos do país, com iniciativas de fomento e programas para startups, assim como a comunidade Manguezal, que promove e fortalece as startups localmente.

A cidade foi o berço de criação da InLoco, startups que nasceu como um projeto de ciência da computação da Universidade Federal de Pernambuco, e hoje, com o nome de Incognia, já está presente em mais de 25 países, com escritórios no Brasil e Estados Unidos e que no início deste ano, captou R$ 155 milhões em uma rodada de investimento Séries B liderada pelo fundo americano Bessemer Venture Partners.

Já a região Norte, com sua vasta floresta amazônica, é muitas vezes deixada em segundo plano quando se trata de startups. No entanto, iniciativas estão surgindo para conectar a riqueza natural da Amazônia com a inovação. Projetos de tecnologia sustentável e preservação ambiental têm ganhado destaque, mostrando que é possível unir progresso econômico e respeito pela natureza.

Um dos grandes incentivadores da inovação aberta na região é o Manaus Tec Hub, com programas de aceleração e conexões de startups com a indústria. Inclusive, na última edição do Fundadores.vc, nossa imersão que prepara fundadores de startups para jornada de captação, pudemos conhecer mais sobre o modelo de negócio da Navegam, startup que oferece uma série de serviços de acompanhamento logístico rodoviário e fluvial na Amazônia.

No Centro-Oeste brasileiro não é diferente. Conhecido por sua produção agrícola significativa, a região está testemunhando o surgimento de startups focadas em agritech. Essas empresas não apenas visam otimizar a produção agrícola, mas também enfrentar desafios únicos da região, como a gestão sustentável dos recursos hídricos. Goiânia, por exemplo, ganhou em 2019, o Conexa, um hub de inovação dedicado para o agronegócio e conectando as tecnologias com o campo.

Ou seja, com ar otimista do que poderemos esperar dos investimentos no ecossistema de inovação no Brasil, fica a dica para que você que quer se conectar com esse mercado, que não deixe de ampliar o seu radar de atuação e contribuir para que as soluções inovadoras que impactam positivamente a sociedade e a economia brasileira como um todo sejam cada vez mais fomentadas em todo território nacional.

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Colunista Amure Pinho

Amure Pinho

Amure Pinho é empreendedor há mais de 20 anos, já foi presidente da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), é investidor-anjo em mais de 49 startups e fundador do Investidores.vc

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