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Estratégia e execução

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A evolução dos veículos autônomos

Como publica a Rotman Management, a economia dos VAs está se desenhando. será que o Brasil, 25º país no ranking KPMG de prontidão para VAs, conseguirá acompanhar?

18 de Abril

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Artigo A evolução dos veículos autônomos

Veículos autônomos (VAs) prometem tráfego mais suave e segurança aprimorada. Por isso, mais de 55 cidades no mundo já se comprometeram a implantá-los em futuro próximo, e outras 27 estão se preparando para a automação realizando pesquisas sobre questões regulatórias, de planejamento e de governança quanto a esses veículos. Entre as que puxam o cordão estão Austin, Boston, San Jose e Pittsburgh, nos EUA; Gotemburgo, na Suécia; Londres e Milton Keynes, no Reino Unido; Paris, na França; Helsinque e Tampere, na Finlândia; Trikala, na Grécia; Montreal, no Canadá; e Singapura.

Uma pesquisa dos professores Opher Baron, Oded Berman e do fellow Mehdi Nourinejad, da Rotman School, ligada à University of Toronto, Canadá, publicada na revista Rotman Management, tratou da economia do carro autônomo. Embora o Brasil olhe pouco para o tema, é crucial olhar.

O setor privado está ativamente buscando a automação. Como escrevem Baron, Berman e Nourinejad, a maioria dos fabricantes de carros já tem uma divisão VA e espera disponibilizar a tecnologia para o mercado de massa por volta de 2025. E pasme: até 2045, a participação de mercado dos VAs deve ser de 87,2%. 

A Daimler AG (Mercedes-Benz) é considerada a montadora-líder no desenvolvimento de tecnologias de condução automatizadas atualmente instaladas em veículos no mercado. Seu sistema Drive Pilot permite que o motorista permaneça na mesma faixa, mantenha distância segura dos outros, pare quando necessário no congestionamento, e ainda ajuda na direção – na mudança de faixa e na ultrapassagem de outros carros quando o motorista sinaliza querer fazer isso. O sistema Autopilot da Tesla, instalado em seus principais modelos, apresenta um conjunto similar de funções. 

Outro bom exemplo é a Nissan Motor Corporation, talvez a mais interessada em desenvolver tecnologias de direção autônoma. Ela tem trabalhado com o sistema ProPILOT, que tem funções de se manter na faixa e guardar distância em estradas, e siga e pare para dirigir quando há trânsito engarrafado. A Subaru foi reconhecida por sua ferramenta EyeSight – sistema de frenagem de emergência para ajudar a evitar ou reduzir danos em casos de colisão, bem como manter-se na faixa e guardar distância, que são instaladas em muitos de seus principais modelos.

Um novo modo de usar. Muitos fabricantes de automóveis estão reconhecendo a potencial “capacidade de compartilhamento” dos VAs e planejam iniciar seus próprios programas de compartilhamento de viagens. Por exemplo, a Ford lançou um plano para lançar VAs de nível 4 [só inferiores aos de nível 5], projetados para aplicativos de compartilhamento de passeio comercial até 2025. A GM também vem desenvolvendo Chevy Bolts autônomos para uso compartilhado. E a Waymo (Google) está criando, em parceria com a Chrysler, uma empresa dedicada a VAs para compartilhamento.

O impacto econômico decorrente do impacto no trânsito. Os mais céticos afirmam que os VAs vão entupir grandes ruas urbanas – alguns preveem que o tráfego geral aumente até 15%. Isso aconteceria por conta de viagens de retorno à “base” após concluir um percurso, apelidadas de “viagens zumbi”. Já os defensores da automação estimam que as velocidades poderão aumentar de 23% a 39% em condições que permitem poupar combustível, e de 8% a 13% quando houver congestionamento. Eles esperam que as reduções de acidentes também melhorem o tráfego, já que 25% do congestionamento é atribuído aos acidentes, ao menos nos EUA. Tais índices poderão ser melhorados quando houver melhorias sistêmicas decorrentes dos VAs, como a eliminação de semáforos nos cruzamentos. 

Ações dos governos. Com os recentes avanços na tecnologia de automação, muitos governos provinciais e estaduais na América do Norte, Europa e sul da Ásia estão emitindo licenças para VAs em rodovias específicas. Os EUA são líderes nessa fase de testes; sua autoridade rodoviária tem um conjunto de diretrizes para o uso de veículos sem motorista em todo o país. E só o Google já rodou 3,2 milhões de quilômetros em testes com veículos autônomos em Mountain View, Austin, Phoenix e Kirkland. 

No Brasil, testes são feitos em São Carlos (SP) e no Espírito Santo, e há uma startup dedicada ao assunto – a 3DSoft. Mas as barreiras legais são imensas aqui, ainda que o levantamento de 2019 da consultoria KPMG sobre os países mais preparados para receber tecnologias autônomas coloque o Brasil na 25ª posição (vem caindo; em 2018, era o 17º).

Com a fase de testes completa, o próximo passo para os VAs no mundo será a regulamentação. E já existem 17 estados nos EUA estudando a legislação, por exemplo. 

Em geral, segundo os especialistas da Rotman, são necessárias três políticas:

1. Subsídios e incentivos governamentais. Deve ser possível às montadoras oferecer descontos aos compradores.

2. Impostos que financiam. Os descontos são fornecidos aos proprietários de VAs utilizando fundos gerados de um imposto cobrado de proprietários dos veículos regulares, não autônomos.

3. Foco no compartilhamento. O setor automobilístico, incentivado por governos ou não, promove o compartilhamento de VAs entre usuários para distribuir os custos de propriedade.

 O fato é que parte relevante do planeta vem se mexendo em relação aos VAs. Carros semiautônomos já estão à venda e os 100% autônomos chegarão em menos de dez anos. E o Brasil?

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