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Wellington Vitorino: reinvestindo lucros

Dario Neto

22 de Maio

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Artigo Wellington Vitorino: reinvestindo lucros

Wellington Vitorino, 24 anos, é seguramente o high potential de maior delta de história de vida que já passou por esta coluna. Natural de São Gonçalo (RJ), filho de pai padeiro e de mãe técnica de saúde bucal, começou a entender o valor do trabalho e do empreendedorismo aos 8 anos de idade, vendendo água e refrigerante na praia de Saquarema.

Em acordo com o pai, reinvestiu algumas vezes o lucro da primeira venda em mais mercadorias e acabou por lucrar três vezes mais do que o próprio irmão, que não quis assumir esse risco. A veia empreendedora tomou conta dele e Mumu – como é carinhosamente chamado – passou a vender de tudo: picolé, sacolé, bolinha de gude, além de catar latinha, papelão, cobre, garrafa para vender no ferro velho. “Era quase a coleta seletiva de algumas quadras do meu bairro”, diz.

Aos 12 anos, foi vender picolé no batalhão da Polícia Militar e fez uma das negociações mais importantes de sua vida. O coronel condicionou as vendas a um boletim recheado de excelentes notas e essa parceria durou três anos, somando muitos ensinamentos – em especial, o que fez Mumu entender que só ele era responsável por seu sucesso (ou por seu fracasso, se fosse o caso). A renda dos picolés no Batalhão era de R$ 1 mil ao mês, trabalhando 90 minutos por dia, em um Brasil de R$ 380 de salário mínimo na época. Parte dessa renda foi investida na produção e no fornecimento de doces caseiros para comércios locais, e em um ano e meio tinha 22 pontos de venda, atividade que prosperou e durou até seus 17 anos. Mumu é independente financeiramente desde os 12 anos.

Em 2011, graças a uma oportunidade aberta por Marcos Vono – reconhecido executivo de RH que se conectou fortemente com sua história –, Wellington ganhou uma bolsa na Escola Parque, para estudar com boa parte da elite carioca. Foram anos de muito aprendizado e superação entre São Gonçalo e Gávea. Uma das lições foi que tão bom quanto reconhecer o mérito dos melhores é estender a mão a quem não teve as mesmas oportunidades. O esforço, a vontade e a coragem de Wellington foram premiados com bolsa no Ibmec e na PUC, aprovação nas universidades federal e estadual do Rio e nota 1.000 na redação do Enem, um dos melhores resultados da escola. 

A partir daí, sua trajetória incluiu Ibmec, Oxford, Fundação Estudar e uma nova iniciativa empreendedora – o Programa ProLíder, que depois deu origem ao Instituto Four. Com isso, Mumu quer gerar empregos e riqueza para o Brasil, como forma de reinvestir seus lucros de novo, de retribuir as oportunidades que teve. No futuro, vê-se também na política.

E o que ele gostaria de dizer aos executivos brasileiros? Que todos podem – e devem – fazer algo pelas pessoas e pelo País. “Só tem direito de reclamar quem faz algo além de pagar impostos e ‘votar certo’.”

SAIBA MAIS SOBRE WELLINGTON  VITORINO

Fundador e CEO do Instituto Four, “Mumu” se formou em administração no Ibmec do Rio de Janeiro. Lá foi monitor de alguns programas, em um estágio cedido pelo então diretor Fernando Schüler. Ganhou várias bolsas, uma das quais o levou para estudar um mês em Oxford. Em 2015, foi um dos 24 selecionados, entre 80 mil candidatos, para o Programa de Líderes da Fundação Estudar [na foto, Wellington e um dos fundadores da Estudar, Jorge Paulo Lemann]. Foi o mais novo a fazer o curso. No final de 2015, decidiu empreender: lançou o Programa ProLíder, com o apoio das Fundações Lemann e Arymax, e, depois, criou o Instituto Four, ONG que incorporou esse programa. O objetivo? Estimular mais jovens a transformar o mundo

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Autoria

Dario Neto

CEO do Grupo Anga, estrategista da Eureca e conselheiro do Capitalismo Consciente Brasil

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