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Gestão de pessoas

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Um mês em defesa da saúde mental – e das mulheres

Mapeamento mostra que 10% dos colaboradores de empresas brasileiras, se projetada a amostra, já chegaram a pensar em acabar com a própria vida. Mulheres são maioria. Daí a importância crescente da campanha “Janeiro Branco” nas empresas

Fátima Macedo

24 de Janeiro

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Artigo Um mês em defesa da saúde mental – e das mulheres

Os índices de ideias suicidas cresceram 367% em 2023, em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com um levantamento nosso realizado com 300 empresas na Mental Clean, empresa que faz consultoria relacionada à saúde mental dos colaboradores. O mapeamento da Mental Clean mostra que 10% dos colaboradores afirmaram que chegaram a pensar em acabar com a própria vida.

A média de idade das pessoas atendidas pela consultoria é de 31 anos e um dado que salta particularmente aos olhos é o fato de 66% serem mulheres.

A sensação de ser um fardo, o desespero e a desesperança são sentimentos comuns a quem passa por esse tipo de situação. Nesses casos, uma atuação imediata de apoio e orientação, não só para a pessoa, mas também para a empresa e aos familiares, pode fazer a diferença e salvar vidas.

Os sinais de alerta para saber se a pessoa precisa de ajuda vão desde a mudança de comportamento, isolamento e falas sobre o desejo de morrer, até itens sutis, como a diminuição gradual do autocuidado. A campanha “Janeiro Branco” visa proporcionar ferramentas e recursos para que as pessoas compreendam e cuidem de suas próprias mentes. E é, para os colegas e a empresa, um convite à empatia, ao acolhimento e à compreensão com aqueles que lutam com suas batalhas internas.

Sabemos que, no dia a dia, é muito comum negligenciar os cuidados pessoais em prol da produtividade, do sucesso na carreira corporativa e por vários outros motivos. A falta de cuidado com o próximo pode se transformar em enfermidades relacionadas ao trabalho, como ansiedade, depressão e síndrome do burnout.

Investir nos cuidados da saúde mental no trabalho e na saúde do trabalhador aumenta a qualidade das relações entre colaboradores e a produtividade dos mesmos, enquanto uma cultura saudável de retenção e valorização de talentos é perpetuada no ambiente de trabalho.

O CASO FEMININO

A participação feminina nos casos de saúde mental merece uma reflexão a parte – sobre o fator “violência” que as mulheres sofrem.

Em 2017, o Magazine Luiza enfrentou um caso de feminicídio entre suas colaboradoras e resolveu investir firmemente em projetos psicossociais e educacionais para tratar do tema. Isso nos motivou, na Mental Clean, a criar o NEV – Núcleo de Enfrentamento à Violência, que é composto por psicólogas e assistentes sociais especializadas no quadrante de violência feminina.

Os programas desenvolvidos e implementados por nós nas empresas envolvem cases das mais diversas complexidades, portanto, o suporte para essas mulheres é integral, com atendimento psicossocial semanal, orientações sobre autoproteção e segurança pessoal, esclarecimento sobre direitos, entre outros. As empresas atendidas se propõem a tomar medidas protetivas e de acolhimento a essas mulheres, como transferência de unidade, abono de faltas, adiantamento de férias entre outras medidas para auxiliar a vítima a se reorganizar.

O NEV atende a mais de 35 empresas, entre elas Magazine Luiza, Marisa e Renner, e comemora o marco de ZERO casos de feminicídio entre as empresas que adotaram os programas. O núcleo já atendeu mais de 1,3 mil pessoas em várias situações de violência, mas com destaque para assédio no trabalho, violência doméstica e violência urbana de todas as naturezas.

Fala-se tanto sobre ESG, mas não existe o S de social sem o envolvimento direto das empresas por uma causa que soma índices alarmantes de atrocidades de todas as naturezas cometidas sucessivamente contra as mulheres.

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Autoria

Fátima Macedo

Fátima Macedo é CEO da Mental Clean. Atua em várias áreas de gestão em saúde suplementar, com foco em planejamento estratégico, gerenciamento de riscos e governança corporativa. Especialista em psicologia da saúde ocupacional e terapia cognitivo-comportamental, é membro fundadora do SAMPO – Ambulatório de Saúde Mental do Trabalhador – Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo e membro do Grupo Mulheres do Brasil.

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