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Tecnologia e inovação

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O buzz do Clubhouse

O início de fevereiro foi agitado no universo digital com o frenesi da nova rede social do momento, o Clubhouse

Gabriela Onofre

03 de Março

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Artigo O buzz do Clubhouse

Lançada em março de 2020 nos Estados Unidos, com a proposta de ser uma plataforma multitask baseada em áudio, uma espécie de podcast interativo. O tipping point de adoção aconteceu por aqui em fevereiro de 2021, e fez muita gente entrar no Clubhouse. Aliás, alguns não saem mais de lá.

É fato que houve muitas críticas por ainda ser exclusiva para usuários de iOS, e entendo a frustração. No entanto, nenhuma plataforma que queira ser universal será limitada. Do ponto de vista de tecnologia, faz sentido começar controlado, com número restrito de usuários, o entendimento da usabilidade e garantir a estabilidade do sistema. A entrada de Elon Musk numa conversa, por exemplo, gerou tanto buzz que a rede quase caiu.

Claro que nós brasileiros, que adoramos uma novidade (e uma rede social) entramos em peso. Uma pesquisa recente, comandada pela consultoria de inteligência de mercado Sensor Tower, apontou que o Brasil já estava em sexto lugar no ranking de países que mais baixaram o aplicativo, no fim da primeira quinzena de fevereiro. Até a data, eram 308 mil instalações acumuladas, com grande potencial de crescimento e de oportunidades.

A estratégia de aquisição também ajudou a gerar este buzz. Ao começar pelos perfis mais influentes da internet e gerar escassez, já que a entrada é só por convite (como também ocorreu com Orkut, Facebook e Nubank em seus lançamentos), acabou gerando FOMO (Fear of Missing Out) em muita gente, e chegou a criar um mercado clandestino de venda de convites. Reportagens chegaram a divulgar sites e perfis pedindo 600 reais por um acesso ao Clubhouse.

Nada disso é necessário, quem está ativo na rede, além dos dois convites iniciais, vai ganhando convites à medida que participa ou criar salas. Você certamente conhece alguém que está lá e pode te puxar.

Contextos e conexões sociais

Outra sacada é que o Clubhouse chega num momento delicado quanto o que vivemos, de isolamento social, poder trocar experiências e contribuir com a sua opinião por áudio acaba dando uma sensação de proximidade que as outras redes, por meio de fotos, vídeos e textos, não conseguem (ou ainda não conseguiram). Ali mostra-se vulnerabilidade, emoção já que com a voz não tem muito como maquiar.

Também estamos muito mais conectados, então a novidade se espalhou rapidamente. Eu mesma tinha mais de cinco grupos, em um único dia, falando sobre a rede, pedindo convite e divulgando espontaneamente o aplicativo.

Descobertas e variedades

Nos primeiros dias, muita gente entrava para falar de Clubhouse. Era comum, nesse sentido, abordagens sobre como o aplicativo impactaria as relações, o mundo do marketing, etc.. Com o passar dos dias, novas possibilidades foram sendo descobertas. Há grupos fixos, todos os dias no mesmo horário, há papos de temas bem específicos e salas fechadas. Tem até sala para imitar piloto e tráfego aéreo, ótima para boas risadas.

O mais legal e interessante é que ali é possível ter um espaço democrático para a troca de ideias e experiências, e você ainda pode dividir a sala com alguém que não teria acesso em outra situação, seja a pessoa anônima ou celebridade.

Você pode entrar numa sala para ouvir, como você faria com rádio, enquanto faz outra coisa e ainda pode sair à francesa, pelo botão de “leave quitely”. Algumas trocas também são tão enriquecedoras que a rede tem grande potencial viciante. Você quer ouvir mais, entender mais, interagir mais. No entanto, essa mesma diversidade de assuntos e salas faz com que, às vezes, seja difícil saber aonde ir.

Por isso, acredito que o melhor seja uma boa curadoria de quem seguir, já que o algoritmo vai se encarregar de te avisar os conteúdos relacionados a eles e a seus assuntos de interesse. Se bem aproveitado, o Clubhouse pode ser um South by Southwest (SXSW) de todo dia.

O potencial da rede é imenso e, por enquanto, minha experiência tem sido bacana. Se você puder, entre. Nem que seja por curiosidade. Se a rede vai ser parte do nosso hábito do dia a dia, só o tempo dirá. Pela adoção inicial tem muito potencial.

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Autoria

Gabriela Onofre

Trocou as grandes corporações pelo mundo das startups e atualmente é CMO da unico, IDTech especializada em tecnologia para identidades digitais.

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