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ESG
26 Julho | 2024
Evitando o escoamento de dinheiro público: a revolução das Cidades-Esponja
6 min de leitura
Existe um mito no mercado a respeito do empreendedor. Acham que empreendedor é quem cria uma start-up, capta dinheiro e depois vende o negócio por milhões. Esses são os novos rock stars, os inovadores da nossa era. Eu considero essa percepção nociva para o mercado como um todo.
Em primeiro lugar, apenas uma minoria das pessoas tem a aptidão para se tornar este tipo de empreendedor. Exige um tipo de personalidade muito específico. Além disso, existem vários outros tipos de negócios, que também são interessantes e podem fazer muito sentido para grande parte das pessoas que pensam em empreender.
"Acredito que a maior distorção é acreditar que o empreendedor que cria uma empresa no mercado é superior àquele que está trabalhando em uma corporação."
Na minha visão, os dois são igualmente empreendedores, apenas com desafios diferentes em suas jornadas. Chamamos o empreendedor corporativo de intraempreendedo**r**. A grande maioria dos produtos ou serviços inovadores que conhecemos foram criados por intraempreendedores – do nosso smartphone aos eletrodomésticos que utilizamos. E são essas pessoas que estão por trás das maiores revoluções que acontecem nas grandes companhias.
Os intraempreendedores são raramente mencionados e pouco lembrados. Além disso, não existe uma carreira clara para quem quer empreender dentro de uma organização. Em seu mais recente livro The Startup Way [O jeito startup], Eric Ries fala sobre sua experiência apoiando a General Electric (GE) em seu processo de inovação, utilizando os mesmos métodos introduzidos pelo autor para as startups. Um dos pontos defendidos por Ries é a criação de um caminho de carreira voltado exclusivamente aos empreendedores ou intraempreendedores.
Sabemos claramente como alguém pode passar de analista para coordenador, evoluindo para supervisor e aí por diante. Contudo, não está claro qual é o caminho de alguém que quer colocar coisas novas no mercado, atuando dentro de uma empresa. Já adianto que não se trata da área de inovação tradicional. Estamos falando de empoderar pessoas em todas as áreas. Como falei anteriormente, acredito que os intraempreendedores estão espalhados em toda a organização.
Para encontrá-los, não adianta fazer um mapeamento de perfil empreendedor em todos os colaboradores. Aprendi que a melhor forma de descobrir os intraempreendedores é com um programa que permita que eles exercitem o empreendedorismo na prática, dando autonomia e método para que persigam suas ideias.
Ao longo dos últimos anos, vi pessoas se transformarem completamente dentro de organizações tradicionais quando dada a oportunidade de atuar em um projeto realmente empreendedor. Projetos que levariam dois, três anos, são testados, ajustados e retestados em menos de seis meses quando o time trabalha com uma orientação clara e tem autonomia para tomar decisões.
Acredito que o maior poder de inovação já existe dentro da grande maioria das corporações. São aqueles colaboradores dispostos a arriscar a fazer o novo. Para libertá-los, somente modificações no design organizacional. As estruturas tradicionais não permitem que esse tipo de talento apareça e se destaque. Paradoxalmente, são justamente as pessoas com mais risco de abandonarem o barco atraídas por oportunidades que as deem autonomia e responsabilidade.
Imagine se você conseguisse destravar o potencial interno de inovação da sua companhia sem gastar um centavo a mais no orçamento? Esse é o poder de liberar os intraempreendedores dentro da organização.
Empreendedor serial, sócio-fundador da aceleradora de startups ACE, professor da ESPM-SP e autor do livro "A estratégia da inovação radical", no qual este artigo se baseia.
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