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Inovação: problema prático ou conceitual?

Se ninguém é declaradamente contra a busca e a implementação da inovação, por que muitas vezes os projetos não saem do papel? Aqui estão cinco pontos de atenção.

Felipe Cerchiari

26 de Maio

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Artigo Inovação: problema prático ou conceitual?

Levante a mão aquele que conhece alguma liderança que advoga contra a inovação, que acha que sua empresa deveria apostar no status quo e acredita que as respostas do futuro já estão todas na mesa hoje. 

Eu não conheço, e acredito que você também não! Mas se este é o cenário, por que ainda temos níveis tão baixos de novidades vindos de algumas empresas e setores?

Por que é difícil implementar a inovação?

Recentemente passamos por uma reformulação grande na multinacional em que trabalho, e com a missão de acelerar nossos lançamentos de novos produtos, mapeamos e transformamos uma série de desafios invisíveis, que no dia a dia minam os times e fazem o discurso se descolar da prática. 

Ficou claro que o problema não está no discurso, mas sim no processo e incentivos que a companhia pratica. Listamos as ações dificultam a implementação da inovação:

1. A alta liderança é quem puxa a fila

Você pode ter os maiores talentos, vindo das empresas mais inovadoras do mundo, se o CEO e seus diretos não afinarem o discurso, dificilmente a cultura da inovação se estabelece. 

As pessoas se adaptam àquilo que estão sendo cobradas, pergunte ao seu colaborador que completa um mês de empresa e ele descreverá com uma clareza incrível o que é valorizado pela organização, quais as alavancas para ser reconhecido, o que faz alguém ser promovido ou ter maiores chances de aumentar o seu bônus.

2. Cultura do risco

Se não houver risco, não é grande o que se está tentando alcançar. Simples assim. 

Mas tem uma coisa que não é tão simples nesta jornada pois, ao protagonizar a realização de algo diferente do que os demais colaboradores da empresa vinham fazendo, a pessoa se expõe. 

Inclusive, os demais, muitas vezes se sentem ameaçados pela novidade, por não terem pensado nisso antes, por não terem tomado a atitude de realizar. 

A cultura do erro não é medida quando tudo dá certo, mas sim quando o tiro sai pela culatra. É nessa hora que o suporte emocional e o endosso da alta liderança é fundamental para não deixar os aflitos demonizarem o tomador de risco e consequentemente implementarem a cultura da média.

3. O que não é medido não é acompanhado

De nada adianta um discurso afiado se não for possível medir o avanço da estratégia. É fundamental criar métricas claras, com valor, data e responsável para que o tema avance. 

Já que estamos falando KPIs, existem dois que mudaram absolutamente a minha visão: 

  • medir market share dentre a cesta de inovações e comparar com seu market share total, para entender se é você que lidera a jornada na sua indústria;
  • e o percentual de faturamento vindo de novos produtos, para saber quão relevante e estratégico está o assunto no seu portfólio atual.

4. Estrutura segue a estratégia

Definida a estratégia, é importante garantir que o time tenha os recursos necessários para trabalhar. E recurso não é só verba ou investimento, que aliás, nem é o item mais importante. 

Você já reparou que existem muitas empresas em que é mais fácil aprovar dez milhões de reais de budget do que uma posição adicional ou nova no time? 

Inovação leva tempo, exige muita integração, alinhamento, é importante ter um time robusto que consiga gerenciar muitos projetos, para que o pipeline não fique só nas grandes apostas, mas também em incursões mais disruptivas. 

5. Comando e controle é coisa do passado

Por fim, depois de vencidas as quatro etapas anteriores, é importante garantir que as pessoas tenham autonomia para criar, propor e executar. 

Nosso trabalho como gestores líderes é o de garantir um time de alta performance, com diferentes habilidades, motivado, e com liberdade para transformarem o negócio. Inspiração gera inovação, comando e controle gera execução.

Tenho certeza que nenhum dos tópicos citados acima é uma completa novidade para você, mas acredito que são essenciais. E é importante ter consciência de qual o real problema para encontrar a solução adequada. 

Inovação é um problema prático, daqueles em que o discurso é perfeito, mas o que fará o resultado realmente começar a fluir é a disciplina e consistência em manter os pilares funcionando na cultura e mente de todos os colaboradores da organização.

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Autoria

Felipe Cerchiari

Diretor de inovações na Ambev. Com doze anos de experiência na companhia, ele já atuou nas áreas de vendas, marketing e inteligência de mercado até assumir a cadeira atual, onde lidera com foco na velocidade, cultura do risco, desburocratização e autonomia dos times.

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