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Assunto pessoal

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Envelhecimento como meta

Podemos escolher os velhos que queremos ser; Ana Brêtas nos convida a fazer isso

15 de Setembro

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Artigo Envelhecimento como meta

A enfermeira, socióloga e escritora Ana Brêtas perdeu a mãe muito jovem. Com apenas 7 anos, a mãe – de 39 – faleceu de câncer de ovário. Brêtas estudou enfermagem e, depois, tornou-se professora da Universidade de Federal de São Paulo (Unifesp) na área de saúde pública.

Na academia, interessou-se por estudar o processo de envelhecimento, enquanto a maioria dos colegas preferia a pediatria. Como enfermeira e professora, passou a atender a população em situação de rua no bairro da Mooca, quando as questões do envelhecimento ficaram realmente evidentes. “Foi quando percebi na prática a diferença no processo de envelhecimento de homens e mulheres, e de pessoas com boas condições financeiras ou não.” Decidiu fazer seu doutorado sobre isso, entrevistando homens e mulheres que atuavam no movimento sindical e perguntando: em que momento você percebeu que estava envelhecendo?

A descoberta: tudo tinha a ver com o trabalho, pois as respostas mais frequentes eram: quando me aposentei ou quando fui demitido(a). Aí ela percebeu a diferença entre o que ela define como mundo do trabalho em oposição ao mercado de trabalho. “As mulheres atuavam no mercado de trabalho, mas nunca saíram do mundo do trabalho – que abrange também os serviços domésticos. Na pesquisa, observei que os homens envelheciam pior porque quase que só tinham trabalho na vida, nele encontravam não só o sustento, mas também os afetos. Quando o homem se aposenta ou perde o emprego, fica completamente sem lugar. E isso prejudica seu envelhecimento.”

O falecimento prematuro da mãe fez com que ela sempre pensasse que não queria morrer tão cedo. E a experiência acadêmica-profissional se transformou em escrita e, mais que isso, em meta. “Conhecer as diferentes formas de envelhecer e entender como a questão social pode interferir nisso me fez perceber que posso escolher a velha que quero ser. Claro que não temos controle sobre as questões genéticas e biológicas, mas, se estamos em uma classe privilegiada, podemos ter o envelhecimento como meta. Se alguém não envelhece, é porque morreu cedo.”

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