fb-embed

3 min de leitura

Por que você deveria parar de falar em empatia e começar a escutar mais

Ana Goelzer

19 de Dezembro

Compartilhar:
Artigo Por que você deveria parar de falar em empatia e começar a escutar mais

Em 2013 conheci o Sam Richards, sociólogo e professor de raça e etnicidade na Penn State University e após assistir sua TEDxtalk, “Um experimento radical em empatia”, passei a entender que empatia era a chave para tudo.

Tanto que em 2014, certa de que todos precisávamos falar sobre isso, o pano de fundo do TEDxLaçador foi empatia. Mas, quando o evento acabou, percebi que a empatia não nascia como num passe de mágica e que antes dela vinha algo muito importante: a escuta. E não qualquer escuta, mas a escuta ativa. Que uso no meu trabalho. Foi então que para o TEDxLaçador 2015 chamei o Avi Kluger, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém e pesquisador dos efeitos da escuta. 

Após muitas conversas com ele, com outros palestrantes, com o grupo de organização e mesmo com a plateia, cheguei à conclusão de que as pessoas falam em empatia, mas nunca têm tempo para escutar o outro e, mais do que isso, têm medo de escutar o outro.

O medo da escuta é o medo da mudança, de ver que o outro pensa diferente, e a maioria de nós quer sempre evitar conflitos. Mas é preciso entender que o conflito é necessário, é dele que nasce o reconhecimento do outro e de nós mesmos. Quem somos, o que defendemos e acreditamos. Por mais que a gente fale em colocar os sapatos do outros, e quase sempre em uma situação de superioridade, nós sempre teremos a nossa vida, os nossos valores e nunca saberemos realmente como é ser o outro.

E há quem diga que é preciso primeiro tirar os nossos sapatos, para então calçar o do outro. Será? Esta imparcialidade só é possível, como diz Roberto Crema, se desligarmos a mente. Outro dia li um tuíte do Raull Santiago, empreendedor social e ativista, que ilustra bem isso: “Pessoas que não vivem a realidade de uma favela, mas que me conhecem e até convivem em muitos lugares, acham que conhecem sobre a minha realidade. Mas na verdade não fazem ideia do distanciamento social que é o caminho de volta, todos os dias. Por isso, jamais esquecer quem és!”. Percebem?

Outro dia mandei um e-mail para o Sam e o Avi falando que iria escrever este texto e o Sam me contou que a Dra. Laurie Mulvey, diretora executiva e cofundadora do World in Conversation Center for public Diplomacy na Penn State University, também chegou a esta conclusão. Para Laurie, a empatia passa a ser consequência do processo e que não precisamos ter medo do conflito, pois é dele que nascem as mudanças. 

Por isso convido vocês: comecem a falar e praticar mais a escuta ativa. Em um mundo que valoriza a correria e no qual nosso olhar está enterrado nas telas, não existe comunicação de impacto maior do que uma conversa significativa e olho no olho.

E como diz meu amigo Roberto Crema: “**Ninguém muda ninguém, ninguém muda sozinho, nós mudamos é nos encontros.**” É assim com os amigos, nas empresas e na vida.  

Para saber mais sobre escuta, acesse http://www.listenfirstproject.org/e https://worldinconversation.org/.

Compartilhar:

Autoria

Ana Goelzer

Speaker coach, organizadora e curadora do TEDxLaçador, seu trabalho voluntário.

Artigos relacionados

Imagem de capa Evitando o escoamento de dinheiro público: a revolução das Cidades-Esponja

ESG

26 Julho | 2024

Evitando o escoamento de dinheiro público: a revolução das Cidades-Esponja

A crescente frequência de desastres naturais destaca a importância crucial de uma gestão hídrica urbana eficaz, com as "cidades-esponja" emergindo como soluções inovadoras para enfrentar os desafios climáticos globais e promover a resiliência urbana.

Guilherme Hoppe

6 min de leitura

Imagem de capa Uma reflexão sobre o chamado “Networking”

Gestão de pessoas

22 Julho | 2024

Uma reflexão sobre o chamado “Networking”

Como podemos entender e praticar o verdadeiro networking para nos beneficiar!

Galo Lopez

2 min de leitura

Imagem de capa Inteligência artificial no trabalho: estratégia ou desespero?

Transformação Digital

19 Julho | 2024

Inteligência artificial no trabalho: estratégia ou desespero?

A inteligência artificial (IA) está no centro de uma das maiores revoluções tecnológicas da nossa era, transformando indústrias e redefinindo modelos de negócios. No entanto, é crucial perguntar: a sua estratégia de IA é um movimento desesperado para agradar o mercado ou uma abordagem estruturada, com métricas claras e foco em resultados concretos?

Marcelo Murilo

13 min de leitura

Imagem de capa SHIFT: Um novo modelo de gestão para liderar na complexidade

Gestão de pessoas

17 Julho | 2024

SHIFT: Um novo modelo de gestão para liderar na complexidade

Conheça o framework SHIFT pela consultora da HSM, Carol Olinda.

Carol Olinda

4 min de leitura