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Cooperativismo high-tech

Muito se sabe sobre o atendimento humanizado das cooperativas de crédito, mas pouco se fala em tecnologia. E há muito investimento e avanços nessa área.

Colunista Renato Zugaibe Doretto

Renato Zugaibe Doretto

25 de Setembro

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Artigo Cooperativismo high-tech

Foi no dia 14 de novembro de 2018 que o Sicoob, um dos maiores sistemas de cooperativas de crédito do Brasil, fez sua primeira transferência de valores utilizando a tecnologia blockchain. Em estudo desde 2016, após firmar parceria com outras grandes instituições em 2017, foi possível colocar o blockchain no portifólio de tecnologias dominadas por cooperativas de crédito. E isso não é exceção ou experimento pontual. Ano a ano as cooperativas de crédito têm investido em recursos cada vez mais tecnológicos para atender seus cooperados. O problema é que pouca gente sabe disso.

Além do desconhecimento, outros fatores podem levar as pessoas a concluírem erroneamente que tecnologia não é prioridade em uma cooperativa de crédito. Afinal, uma instituição que: 

- Promove a inclusão financeira em localidades onde nenhuma outra instituição atua;

- Emprega a mão de obra local para seus pontos de atendimento;

- Busca o constante contato presencial com seus sócios;

- Está fortemente ligada ao agronegócio; 

- Concentra sua atuação no interior, fora dos grandes centros...

..não tem o mesmo nível tecnológico dos grandes conglomerados financeiros e nem profissionais qualificados para tal, certo? Errado.

Em termos de volumes totais, os sistemas investem em torno de R$ 350 milhões por ano, o que pode parecer pouco. Mas considerando que isso tudo é feito em conjunto com as cooperativas singulares, buscando atender as reais demandas dos associados de forma rápida e simples, os resultados obtidos são fantásticos. O aplicativo do Sicoob para smarthphones, por exemplo, foi destacado pelo Relatório Bancário de 2015 como o melhor do ano e, desde então, vem recebendo premiações e reconhecimentos Brasil afora. 

Todos os serviços oferecidos pelas instituições financeiras, tais como aplicativos, cartões de crédito, de cobrança, contas a pagar e adquirência (popularmente chamada de maquininha de cartão) também são disponibilizados pelas cooperativas, sendo uma boa alternativa, inclusive de preços, que costumam ser mais justos. 

Hoje alguns sistemas de cooperativas já possuem as aberturas de contas de forma totalmente digital, sem que em nenhum momento o associado precise se deslocar a um ponto de atendimento e em alguns casos até com limites pré-aprovados. Este recurso tem sido fortemente utilizado principalmente pelos mais jovens. Até inteligência artificial está sendo utilizada amplamente, como o reconhecimento facial para tornar o processo ainda mais seguro.

Outra novidade é a entrada em operação em novembro deste ano do PIX, um sistema onde as transferências monetárias entre instituições ocorrerão de forma instantânea, 24 horas por dia, 7 dias por semana. Esse novo sistema trará além de maior agilidade e disponibilidade nas transações, mais segurança com menor custo aos usuários e isso também já está disponível para os associados das cooperativas.

Pandemia e a prova de fogo das cooperativas

Como disse Sun Tzu, “Na paz, prepare-se para guerra...”. E foi o que os grandes sistemas, como Sicoob e Sicredi, fizeram ao investirem continuamente em tecnologia no mundo pré-pandemia. Por isso que, quando a quarentena foi decretada e o número de acessos digitais explodiu, a infraestrutura tecnológica das cooperativas conseguiu suportar o crescimento repentino. Foi a prova de fogo e o cooperativismo de crédito não desapontou.

Mesmo nos lugares mais ermos, um aumento em cerca de 50% de utilização dos canais digitais foi constatado, principalmente nos aplicativos para smartphones. Os colaboradores, de forma presencial ou online, tiveram um papel fundamental no auxílio daqueles cooperados que não eram familiarizados com os sistemas digitais. 

Um ponto muito importante a se destacar é que, mesmo após a flexibilização dos decretos em alguns lugares, os associados continuaram a realizar suas transações de forma direta, digitalmente em caixas eletrônicos, smartphones e notebooks, mas também passaram acessar as agências em busca de novos produtos. Algumas cooperativas singulares que estavam mais preparadas, apresentaram no primeiro mês mais de 40% de crescimento em seus ativos.

Com tudo isso, a conclusão é que é possível aliar a alta tecnologia, sofisticação e diversificação de produtos e serviços financeiros, sem perder a simplicidade, a excelência no atendimento, investindo de forma inteligente e otimizada, e o melhor: ainda distribuindo aos associados todo o excedente.* E, se você não conhecia esse outro lado das cooperativas de crédito, deixo aqui um convite para que passe essa informação adiante. Quem sabe você não nos ajuda a espalhar essa mensagem? =)

* Lembrando que todo o excedente financeiro de uma cooperativa não se destina a remunerar o capital, e sim retornar ao cooperado, na proporção de suas atividades, a parte que lhe compete.

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Autoria

Colunista Renato Zugaibe Doretto

Renato Zugaibe Doretto

Dirigente da Sicoob Credisul no Norte do Brasil, conselheiro fiscal do Sescoop/RO e presidente estadual da JARO - Junior Achievment/RO. Engenheiro de produção, com MBA em gestão empresarial e gestão do agronegócio, mais de 20 anos de experiência profissional, sendo 16 em grandes instituições financeiras nacionais e internacionais, atuando no estado de São Paulo.

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