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Como aumentar o repertório cultural dos colaboradores

Fomentar o apreço à cultura e às artes torna o profissional mais competitivo, engajado e satisfeito – e faz bem à saúde dos negócios

Leonardo Pujol

10 de Novembro

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Artigo Como aumentar o repertório cultural dos colaboradores

Quanto mais livros, museus, shows, peças teatrais e outros produtos culturais você saborear, maior será sua vantagem profissional. Essa é a opinião de todos os entrevistados de uma recente reportagem (Seu repertório é elástico?) publicada nesta HSM Management.

Segundo mentores, sociólogos e executivos ouvidos pela reportagem, profissionais que não limitam o consumo de conteúdo a materiais técnicos e específicos da própria área de atuação costumam ser mais competitivos. Eles são propensos à criatividade e à inovação, habilidades importantíssimas no volátil século 21. Também desenvolvem empatia, o que pode fazer diferença ao solucionar um problema, entre outras competências.

Por isso, as perguntas de caráter pessoal se tornaram tão comuns em seleções de emprego e trabalho. Diga-me o que lês e te direi quem és? Nem tanto. A ideia não é julgar os livros, filmes, séries e músicas que o profissional consome, mas saber como esses produtos se encaixam na rotina dos entrevistados e influenciam suas vidas.

Além de manifestar interesse pelo repertório do colaborador logo no primeiro ponto de contato, as companhias também buscam estimular o lifestyle.

A consultoria KPMG, por exemplo, criou um clube de livros para seus executivos. Nas reuniões, os participantes debatem sobre estratégia, liderança e gestão de risco a partir da perspectiva de obras de ficção e não-ficção. Já idtech brasileira unico realiza encontros periodicamente com seus colaboradores para ouvir nomes de referência em diferentes áreas do conhecimento, tais como o rapper Emicida, a artista Rita Von Hunty e o publicitário Nizan Guanaes. Outra forma de estimular o aumento do repertório cultural é premiar os colaboradores com livros e ingressos para conferências, shows, espetáculos e exposições de arte. Ou aumentar a carteira de benefícios com o vale-cultura.

O vale-cultura no employee experience

Criado pelo governo federal em 2012, o vale-cultura é regido pelo PCT, o Programa de Cultura do Trabalhador. Nele, o profissional recebe a quantia de R$ 50 todos os meses. É o caso do jornalista Andrew Fischer, 27 anos. Redator em uma agência de consultoria criativa, com unidades em Belo Horizonte e São Paulo, Fischer pode usar o vale-cultura no que quiser – desde que o investimento esteja relacionado a itens como cinema, teatro, livros e serviços de streaming. “Apesar da obrigatoriedade de gastar unicamente com cultura, vejo o benefício como um incentivo da empresa para que eu invista em mim, na minha educação”, diz Fischer. Ele gasta cerca de 60% do vale-cultura na mensalidade da Netflix. O restante é variável: ora na compra de livros físicos, ora em aplicativos de edição para fotos e vídeos.

De acordo com a empresa de benefícios corporativos Swile, há uma demanda crescente pelo vale-cultura. Entre outubro de 2020 e março de 2021, a companhia identificou um aumento de 210% no volume de transações por meio de sua plataforma. O ticket-médio do benefício, por sua vez, saiu de R$ 50 e chegou a R$ 82. Na Swile, a categoria não tem teto de valor.

Apesar do desempenho ascendente, poucas empresas apostam no benefício. Uma pesquisa nacional realizada pela Swile e pela Leme Consultoria com 1156 empresas, entre março e maio de 2021, constatou que apenas 4,8% das entrevistadas disponibilizam o vale-cultura. Os benefícios mais oferecidos são os tradicionais vale-refeição (concedido por 81,1% das empresas), assistência médica (77,5%) e auxílio-transporte (68,7%) – geralmente vinculados a algum aspecto fiscal, legal ou trabalhista.

No relatório da pesquisa, batizado de “Guia Nacional de Benefícios 2021”, o vale-cultura é considerado uma regalia de alta qualidade, mas com baixa aderência. A cesta dos benefícios subvalorizados ainda incluem auxílio home office, auxílio-creche, desconto em farmácia e previdência privada.

Mas não precisava ser assim. “Diante da inércia do mercado e da percepção de valor por parte dos colaboradores, consideramos que as empresas que oferecem esse benefício vale-cultura possuem uma vantagem na gestão de seus talentos”, diz o report. Em outras palavras: ampliar o repertório cultural dos times, por meio do voucher, é uma oportunidade de ouro para as empresas que buscam relevância no mercado – com mais produtividade, engajamento e satisfação dos talentos. E tem mais: o recurso é isento de encargos e tributos. Ou seja, é mais barato para a empresa conceder um vale-cultura de R$ 50 por mês do que promover um aumento salarial do mesmo valor que, ao fim, pode custar mais de R$ 80 em encargos. Como se vê, o fomento à cultura só traz vantagens.

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Leonardo Pujol

É colaborador de HSM Management.

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