Evitando o escoamento de dinheiro público: a revolução das Cidades-Esponja
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Um dos estudos mundiais mais encantadores e pragmáticos sobre como acontece o desenvolvimento biopsicossocial dos seres humanos adultos foi realizado pelo Prof. Clare Graves, contemporâneo de Abraham Maslow.
Enquanto Maslow direcionou seus estudos para compreender as bases da motivação humana, criando o seu famoso esquema da hierarquia das necessidades, Clare Graves foi mais fundo, segundo o próprio Maslow, buscando compreender de onde emergia todas as escolhas humanas. De tão completo, profundo e abrangente, o modelo do Dr. Graves foi considerado "a teoria que explica tudo".
Graves teorizou que o ser humano adulto pode se expressar por meio de oito faixas existenciais, com sistemas de pensamentos e de valores específicos que consideram a forma como a pessoa se define, se comporta e o que valoriza.
Esse processo evolucionário pode ser melhor compreendido ao usarmos a metáfora de uma estrutura em espiral, em que cada faixa acima possui maior nível de complexidade, inclui a condição das faixas anteriores, e gera no indivíduo maior capacidade para enfrentar os desafios dos contextos que está inserido.
Sucessor do Dr. Graves, Don Beck, professor doutor radicado no Texas e mentor de Nelson Mandela quando este assumiu a presidência da África do Sul, juntamente com seu aluno Chris Cowan, enriqueceram a abordagem do Dr. Graves, incluindo conceitos teóricos de estudos do Dr. Mihaly Csikszentmihalyi e do Dr. Richard Dawkins, o que permitiu a aplicação do modelo da Dinâmica em Espiral à gestão da complexidade social, organizacional e global de modo inovador.
Com o objetivo de facilitar a memorização das características específicas de cada faixa existencial, Don Beck escolheu uma cor diferente para cada faixa, como pode ser visto abaixo.
Fase 1: Bege – Instintivo
Fase 2: Púrpura – Tribalístico
Fase 3: Vermelho – Egóico
Fase 4: Azul – Transcendente
Fase 5: Laranja – Materialístico
Fase 6: Verde – Igualitário
Fase 7: Amarelo – Integrativo
Fase 8: Turquesa – Holístico
O processo de alternância entre essas faixas de existência se dá por meio de duas grandes forças: 1) As condições de vida externa (informação, tecnologia, ecologia) e 2) as condições de vida interna (expressão genética, condição cerebral, neurotransmissores).
Assim como os seres humanos, as organizações também evoluem em fases existenciais diferentes, e, na medida em que vão aumentando o seu nível de complexidade e incluindo novos elementos em seu processo de estruturação (pessoas, processos, tecnologia e cultura), tornam-se mais aptas a continuarem relevantes para os seus stakeholders.
Ao longo desses últimos vinte anos atuando com organizações nacionais e multinacionais, os pesquisadores da Nortus conseguiram mapear, nas organizações, quais são as nuances que caracterizam cada fase existencial.
Atualmente, já podemos identificar nove fases existenciais nas organizações. Ao conhecermos suas características, podemos identificar com agilidade os tipos de problemas que uma organização está enfrentando e os tipos de soluções que necessita, e também podemos prever o tipo de estruturação que precisará ser feita no futuro, bem como os problemas que a organização enfrentará se não tiver clareza disso.
Assim como nos seres humanos, o que determina a evolução nestas fases é um misto das condições externas (nível de complexidade do mercado de atuação - clientes, concorrentes e fornecedores, desenvolvimento social, econômico, modelo político, etc.) e das condições internas (nível de cognição e metacognição dos principais tomadores de decisão da organização somado à cultura da empresa e às condições econômicas e estruturais para incluir novas formas de atender às suas necessidades existenciais).
Essas nove fases funcionam como um mapa detalhado para compreender por que uma organização se comporta de determinada forma, e como poderá se comportar no futuro mediante possíveis cenários mercadológicos que possam emergir no contexto contemporâneo. A complexidade, a incerteza e o caos de nossos contextos exigirão alta capacidade de auto-organização das organizações humanas, quer sejam estas empresariais ou não.
Eis uma síntese das oito fases existenciais já mapeadas, e um possível preâmbulo da nona fase. Com esta informação, você pode começar a refletir sobre em que fase a sua organização se encontra.
Como é possível perceber, trata-se de um modelo evolucionário em que, a cada fase, a organização aumenta as suas chances de ser ainda mais produtiva e de continuar viva em seu mercado de atuação. Ao evoluir para uma fase existencial de maior complexidade, as fases anteriores continuam disponíveis na organização. Trata-se de um movimento de transcendência e inclusão em que o novo é incluído, levando o sistema a um mais complexo padrão de funcionamento, mas conservando os aspectos positivos das fases anteriores.
Ao longo desses 20 anos em que a equipe de pesquisadores da Nortus estuda o processo evolutivo das organizações, percebeu-se que as duas variáveis que mais podem acelerar ou desacelerar o processo evolutivo são o momento existencial do seu principal orientador de decisões e o nível de maturidade e complexidade do mercado em que a organização atua.
Sócio-fundador da Nortus e educador. Há mais de 20 anos atua na preparação de líderes. Ministrou palestras e cursos em eventos para mais de 200 mil pessoas e é co-autor do livro Organizações auto-organizadoras (2016), escrito em parceria com o médico neurocirurgião e P.h.D. Francisco Di Biase.
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