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A ascensão das habilidades humanas

Colunista Augusto Júnior e Davi Lago

Augusto Júnior e Davi Lago

19 de Dezembro

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Artigo A ascensão das habilidades humanas

A estrutura da civilização enfrenta um conjunto de mudanças profundas, rápidas e de difícil interpretação. O politólogo Sérgio Abranches afirma em seu ensaio "A era do imprevisto: a grande transição do século XXI" que há três dimensões principais nesta era de transformações: 

(1) as mudanças sócio-estruturais; 

(2) as mudanças científicas e tecnológicas;

 e as (3) mudanças climático-ambientais. 

 Essas modificações alteram o mundo do trabalho como o conhecemos. 

O resultado imediato é um ambiente de ampla incerteza e imprevisibilidade para o planejamento de carreiras no médio-longo prazo. Contudo, é possível identificar algumas perspectivas profissionais que se consolidaram. Alguns elementos da carreira profissional do futuro, se não estão claros, estão pelo menos bem delineados. O mais notável destes elementos é o fator humano. 

Vários estudos apontam para o fim de diversos empregos que se tornarão obsoletos diante dos avanços tecnológicos. O Boston Consulting Group, por exemplo, afirmou que até 2025 um quarto dos postos de trabalho serão substituídos por máquinas. Relatório da Universidade de Oxford estima que 35% dos empregos do Reino Unido estão sob risco de automação nos próximos vinte anos. Deste modo, a pergunta-chave que o profissional contemporâneo deve fazer é: serei substituído por uma máquina?

No curso da atual revolução tecnológica, os empregos mais vulneráveis são os mecânicos, repetitivos e de baixa interação social. Hoje não são apenas os trabalhadores de fábricas que estão ameaçados diante de máquinas capazes de executarem serviços com maior destreza e velocidade. 

Os funcionários que realizam serviços burocráticos e repetitivos, como escrita de relatórios e elaboração de planilhas, também são vulneráveis pois são facilmente substituídos por softwares. O site Will Robots Take My Job apresenta projeções sobre quais empregos têm mais chances de serem substituídos por máquinas. Por exemplo: dentistas têm 0% de chance de serem substituídos; juízes têm 40%; gerentes de remuneração e benefícios possuem 96%.

Por outro lado, postos que necessitam de trabalhadores com inteligência social e emocional, capacidade criativa, ideias originais, senso de humor, habilidades de negociação, são menos vulneráveis e levam vantagem em face da automação. Os profissionais deste século precisam desenvolver competências que os tornem capazes de inventar, testar e avaliar hipóteses, interagir socialmente, dominar e ensinar as máquinas. 

Relatórios do Fórum Econômico Mundial, da PWC e da Future Lifelong Learning Plataform apontam pelo menos sete conjuntos de habilidades humanas que podem ser diferenciais competitivos: 

  1. Autoconsciência: capacidade de entender o que motiva, o que frustra, o que vale, o que não vale, o que tem propósito; 

  2. Pensamento crítico e integrado: capacidade de interpretar fatos, números, relatórios, cenários complexos, variáveis e perceber a conexão de assuntos que não estão diretamente relacionados;

  3. Empatia: capacidade de entender e se conectar genuinamente com outros seres humanos; 

  4. Criatividade: capacidade de pensar novas soluções, combinar conhecimentos, gerar valor; 

  5. Inteligência emocional: capacidade de lidar com emoções e situações diversas; 

  6. Comunicação: capacidade de se expressar de maneira oral e escrita; 

  7. Assimilação: capacidade de aprender, conseguir filtrar conteúdos e transformar o conhecimento em sabedoria prática.

O mundo do trabalho está mudando drasticamente. O futuro é humano.

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Colunista

Colunista Augusto Júnior e Davi Lago

Augusto Júnior e Davi Lago

Davi Lago e Augusto Jr

Augusto é Diretor de Relações Institucionais do Instituto Four, Coordenador da Lifeshape Brasil, Professor convidado da Fundação Dom Cabral, criador da certificação Designer de Carreira e produtor do Documentário Propósito

Davi Lago é coordenador de pesquisa no Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da PUC-SP, professor de pós-graduação na FAAP e autor best-seller de obras como “Um Dia Sem Reclamar” (Citadel) e “Formigas” (MC). Apresentador do programa Futuro Imediato na Univesp/TV Cultura

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